Brasil tem tecnologia para adotar até 60% de biológicos, diz Nobel da Agricultura
06-11-2025
Declaração foi dada por Mariangela Hungria durante homenagem com a Medalha de Mérito Apolônio Salles, que ela recebeu do Mapa
Por Daumildo Júnior | Brasília
Apesar do Brasil ser um dos líderes na adoção de produtos de base biológica na agricultura, o uso ainda está distante da atual capacidade. Segundo Mariangela Hungria, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o País teria condições de fazer a substituição dos químicos, mas precisa levar isso aos pequenos produtores.
“No máximo, adotamos 15% do uso de biológicos na agricultura em relação aos produtos químicos. E hoje a gente tem tecnologia prontinha para atingir 50%, 60%”, destacou a jornalistas. A pesquisadora teve o seu trabalho dedicado à agricultura sustentável reconhecido com o Prêmio Mundial de Alimentação – World Food Prize, considerado o Nobel da Agricultura.
Nesta quarta-feira, 5, ela foi novamente homenageada ao receber do ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, a Medalha de Mérito Apolônio Salles, que valoriza servidores e cidadãos, brasileiros ou estrangeiros, que se destacam nos serviços à agricultura brasileira.
A pesquisadora disse ainda que acredita ser possível haver uma substituição completa dos produtos químicos pelos de base biológica. Mas cobrou investimentos para conseguir alcançar os 100% de adoção. “Para os outros 40%, a gente precisa investir em ciência e tecnologia disruptivas”, afirmou.
Hungria, que tem mais de quatro décadas de pesquisas científicas, revelou que, na reta final da carreira, pretende se dedicar a maneiras de facilitar a conversão de pastagens degradadas. “Classifico as pastagens degradadas como o nosso maior passivo ambiental. Nós já estamos com soluções biológicas excelentes, nas quais a gente consegue não só dar mais biomassa, quer dizer, mais comida para o gado, mas comida de melhor qualidade”, acrescentou a homenageada.
Após a entrega da medalha, Fávaro destacou o papel da pesquisadora, que resultou na liderança do Brasil no uso de produtos à base de biológicos. Ele também se comprometeu a buscar a continuidade dos incentivos à inovação nessa área.
“É um compromisso que já fiz com a Sílvia [Massruhá, presidente da Embrapa], com a doutora Mariângela, que, ainda na minha gestão, vamos investir mais no desenvolvimento dessa tecnologia. Ainda mais em tempos em que devemos prestar conta do sistema produtivo, do respeito ao meio ambiente. E essa certamente é uma das grandes vitrines brasileiras para o mundo”, destacou o ministro.
Fonte: Estadão

