Case IH inicia projeto inovador com máquinas movidas a etanol

16-04-2025

Testes atuais estão sendo realizados em colhedoras de cana, mas o plano é expandir a tecnologia para toda a linha de produtos da companhia

A Case IH anunciou um pacote de lançamentos e a estratégia da marca para os próximos anos nesta segunda-feira (14), durante encontro com jornalistas em sua fábrica, em Sorocaba -SP. “Apresentamos um novo conceito que estamos chamando de Inteligência Agronômica e que contempla um ecossistema composto por máquinas, soluções e serviços. É mais do que vender maquinário, estaremos cada vez mais envolvidos nos resultados da operação agrícola, focados em garantir a produtividade e eficiência que o produtor almeja”, explica Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para América Latina.

Ao todo são 16 lançamentos de máquinas e tecnologia que serão expostos na Agrishow deste ano e contemplam todas as etapas do ciclo produtivo. Segundo a empresa, o objetivo é atender as mudanças que estão ocorrendo no agronegócio, como as janelas de plantio cada vez mais curtas impactadas pelas mudanças climáticas, aumento da população, assim como os avanços tecnológicos e o aumento da produtividade no campo com safras recordes ano após ano.

Entre os destaques: Pulverizadores Patriot Série 50 com mais precisão e automação; Nova geração de tratores com alta potência e conectividade total; Colheitadeiras Axial-Flow com o que há de mais avançado no mercado, além dos motores a etanol como aposta sustentável para reduzir emissões e custos.Na ocasião, Gonzalez compartilhou avanços importantes da marca no desenvolvimento de uma colhedora de cana de duas linhas movida ao biocombustível. Os primeiros testes do protótipo, desenvolvido em parceria com a Usina São Martinho, ocorreram no ano passado e devem se intensificar na safra 2025/26.

A busca por uma solução eficiente com base no etanol, apelidada por Gonzalez de “Santo Graal”, não é recente na Case IH. A empresa já realizou testes anteriores, convertendo motores a diesel e até explorando misturas de etanol com diesel. Porém, o grande avanço veio com a adoção de uma tecnologia de motor de ciclo Otto — ao invés do tradicional motor diesel — que permite uma performance mais eficiente e compatível com o etanol.

"Esse motor é diferente. A gente trabalha com o motor a gás, algo que já produzimos em larga escala — cerca de 70 mil por ano — e conseguimos convertê-lo para funcionar 100% com álcool", destacou o executivo. A mudança estrutural no tipo de motor, somada à expertise acumulada, permitiu à empresa alcançar resultados impressionantes já nos primeiros testes, sem necessidade de modificações pesadas.

De acordo com o executivo, um dos grandes desafios para uso do etanol em motores pesados sempre foi sua capacidade calorífica 60% menor que a do diesel. No entanto, Gonzalez afirmou que o novo sistema atinge índices de eficiência competitivos, inclusive alcançando 400 cavalos de potência em testes preliminares. E tudo isso sem grandes intervenções no motor da colhedora.

Outro diferencial apontado é o custo-benefício do etanol em regiões estratégicas, como o Mato Grosso, onde o frete de diesel é elevado e o etanol de milho ganha cada vez mais espaço. “Lá, logisticamente, o etanol faz muito mais sentido. É mais barato, mais disponível e com uma pegada de carbono muito menor”, pontuou.

Etanol na mira

A CASE IH está apostando alto na inovação sustentável com o desenvolvimento desses motores movidos a etanol. Segundo Nilson Righi, gerente de Marketing Tático da Case IH para América Latina, o projeto nasceu da necessidade de buscar alternativas mais econômicas e ambientalmente responsáveis ao diesel — combustível que representa até 30% dos custos operacionais das usinas. “Quando conseguimos migrar para uma matriz energética mais econômica e sustentável, isso gera um impacto positivo direto nos resultados da usina”, explicou.

Além do apelo econômico, o novo motor a etanol se alinha às metas de descarbonização assumidas por diversas usinas.

A grande virada do projeto, segundo Righi, foi adaptar um motor da FPT Industrial, usado na Europa com gás natural e biometano, para funcionar com etanol. “É um motor Ciclo Otto, que já trabalha com velas de ignição, assim como os veículos flex. Realizamos adaptações em injetores, pistões e bloco para viabilizar a queima do etanol com desempenho equivalente ao diesel”, explicou.

Os testes atuais da companhia estão sendo realizados em colhedoras de cana-de-açúcar, com foco em desempenho, emissões e durabilidade. Mas o plano da empresa vai além: “Nosso objetivo é expandir essa tecnologia para praticamente toda a nossa linha de produtos. A cana é só o começo”, destacou Righi.

Empresa apresenta drones de pulverização

Uma das novidades da CASE IH que será lançada oficialmente na Agrishow 2025 é o Drone de Pulverização. Com importação e distribuição no Brasil pela marca, o equipamento possui duas opções de tamanho de 30 (P60) e 70 litros (P150). O drone de 70 litros chega com ganhos em relação ao maior modelo encontrado no mercado brasileiro atualmente (de 50 litros), com 18% a mais de eficiência e 40% a mais de capacidade de tanque.

Gregory Riordan, Diretor de Tecnologias Digitais da empresa na América Latina, apresentou um dos modelos, o P60, voltado para o pequeno produtor, que tem operação totalmente autônoma e permite programar a área a ser pulverizada, gerando automaticamente as linhas de voo para aplicação. O operador apenas monitora o drone, sem necessidade de condução manual.

“Ele evita o amassamento do solo e consegue acessar áreas onde tratores ou pulverizadores tradicionais não conseguiriam operar”, destacou o diretor. A tecnologia pode ser utilizada tanto em lavouras de grãos quanto em culturas perenes como café e cana-de-açúcar.