Centro-Sul processa 592 milhões de toneladas de cana e amplia foco no etanol
17-12-2025
Moagem perde ritmo, mix segue favorecendo o biocombustível e vendas somam mais de 23 bilhões de litros na safra
A moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul alcançou 592,27 milhões de toneladas desde o início da safra 2025/26 até 1º de dezembro, recuo de 1,92% em comparação às 603,86 milhões de toneladas processadas no mesmo período do ciclo anterior. Na segunda quinzena de novembro, o setor registrou 15,99 milhões de toneladas moídas, abaixo das 20,27 milhões de toneladas verificadas um ano antes, reflexo do avanço do encerramento das operações.
No período, 144 unidades produtoras estavam em atividade, ante 196 na temporada passada. Apenas nos últimos quinze dias de novembro, 52 usinas finalizaram a moagem. No acumulado da safra, 173 unidades já encerraram as operações, frente a 141 em igual momento do ciclo anterior. “Até o início de dezembro, cerca de dois terços das unidades já haviam encerrado as operações”, afirma Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.
Produção de açúcar encolhe e mix favorece o etanol pela sétima quinzena consecutiva
Com a redução do número de unidades em atividade e o maior direcionamento da matéria-prima para o biocombustível, a produção de açúcar na segunda quinzena de novembro somou apenas 724,06 mil toneladas, queda de 32,94% ante as 1,08 milhão de toneladas registradas no mesmo período da safra 2024/25. No acumulado, o adoçante totaliza 39,90 milhões de toneladas, ligeiramente acima das 39,46 milhões do ciclo anterior.
Na quinzena, o mix de açúcar recuou 3,08 pontos percentuais, passando de 38,60% para 35,52%. “Essa tendência de retração no mix de açúcar tem sido observada pela sétima quinzena consecutiva e o mix de etanol chegou a atingir 64,48% nos últimos quinze dias de novembro”, destaca Rodrigues.
A qualidade da matéria-prima avançou na quinzena, com o ATR atingindo 133,78 kg por tonelada (+6,80% frente ao ano anterior). No acumulado, porém, o indicador está 2,50% abaixo do registrado no mesmo período de 2024/25, somando 138,33 kg por tonelada.
Etanol avança na produção, impulsionado pelo milho, e vendas superam 23 bilhões de litros
Na segunda metade de novembro, a produção total de etanol atingiu 1,18 bilhão de litros. O hidratado somou 727,41 milhões de litros (-7,41%), enquanto o anidro alcançou 457,11 milhões (+10,21%). Desde o início da safra, a fabricação acumulada soma 29,53 bilhões de litros (-5,43%), divididos entre 18,33 bilhões de hidratado (-7,86%) e 11,20 bilhões de anidro (-1,15%).
O etanol de milho manteve participação relevante. Na quinzena, representou 31,64% do total produzido, com 374,82 milhões de litros – volume estável frente ao ciclo anterior. No acumulado, a produção atingiu 6,03 bilhões de litros, crescimento de 15,10%.
As vendas do biocombustível também mostram mudanças no padrão de consumo. No acumulado da safra, as unidades comercializaram 23,32 bilhões de litros (-2,41%), sendo 14,53 bilhões de hidratado (-6,10%) e 8,79 bilhões de anidro (+4,39%). Apenas em novembro, as vendas totais somaram 2,70 bilhões de litros, com avanço do anidro e retração do hidratado.
Mercado de CBios supera meta do RenovaBio
Dados da B3 até 15 de dezembro indicam que os produtores de biocombustíveis emitiram 40,89 milhões de CBios em 2025. O volume disponível para negociação é de 24,54 milhões. “Somando os CBios disponíveis para comercialização e os créditos já aposentados, já temos cerca de 116% dos títulos necessários para o atendimento integral da meta de 2025, incluindo a quitação do saldo devedor de anos anteriores”, afirma Rodrigues.

