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CEO da Beggio Agropecuária detalha práticas para alta produtividade e sustentabilidade na cana

Durante a 3ª Reunião do Grupo Fitotécnico realizada nesta terça-feira (28), no Centro de Cana – IAC, em Ribeirão Preto – SP, Giuliano Beggio Fancischini, CEO da Beggio Agropecuária, compartilhou estratégias adotadas em suas propriedades para alcançar altos níveis de produtividade na cana-de-açúcar, unindo sustentabilidade, planejamento técnico e retorno financeiro.

Segundo Fancischini, tudo começa com o solo. “100% das nossas áreas são aradas antes do plantio, além de serem gradeadas e subsoladas”, afirmou. A sistematização, calagem em camadas e análises técnicas orientam todas as etapas. Para ele, a correção e descompactação do solo são a base do sucesso dos canaviais.

Ao assumir a gestão da empresa, ele se deparou com mais de 30 variedades de cana sendo cultivadas sem critério. Com dados e testes, otimizou a escolha varietal conforme a época da colheita e as exigências das usinas, com foco em longevidade e rendimento — chegando a até oito anos de produtividade por área, mesmo sem irrigação.

A mecanização consciente, o treinamento da equipe e práticas como o quebra-lombo também foram destacados. Para Fancischini, “o melhor herbicida é a sombra do canavial fechado”. Como exemplo, citou a Fazenda Germinal, em Matão – SP, antes infestada por daninhas e hoje referência em controle — a ponto de virar uma brincadeira local chamada “desafio da daninha”.

As decisões no campo, segundo o CEO, são respaldadas por dados e dedicação. Enquanto a média de investimento por hectare nas usinas gira em torno de R$ 3.300,00, a Beggio investe R$ 5.300,00, focando no retorno. “Nosso ROI (Retorno de investimento) chega a 35%. O importante não é quanto se gasta, mas o retorno que isso traz”.

A sustentabilidade é um compromisso inegociável. A empresa plantou mais de 160 mil árvores e mantém práticas ESG como referência. Mesmo sem irrigação, o uso eficiente da água e o manejo conservacionista evitam erosões e preservam o solo. “Produtividade real exige equilíbrio ambiental”, afirmou.

Na reforma dos canaviais, Fancischini defende a diversificação: soja, amendoim, crotalária e sorgo enriquecem a microbiota do solo, melhorando os resultados da cana. “Nosso apiário fica ao lado dos canaviais. Produzimos mel enquanto drones sobrevoam aplicando insumos. É possível conciliar produção e preservação”.

Mesmo diante da seca no início do ano, a produtividade se manteve alta: uma lavoura com sete meses já alcançava 180 toneladas por hectare, com colheita prevista para setembro. Segundo ele, isso é resultado de 15 anos de investimentos em solo, microbiota, adubação verde e manejo nutricional.

Outro ponto importante citado foi o uso da torta de filtro incorporada ao solo, fortalecendo o sistema CTC (Corte, Transporte e Colheita) e aumentando a resiliência do canavial frente a adversidades como geada, seca e fogo.

Uma prática simples, mas eficaz, também foi destacada: o uso de plaquinhas de controle em cada talhão, com informações sobre a variedade plantada, produtos aplicados e datas. Isso permite análises comparativas e facilita a gestão, mesmo para quem não é técnico.

Fancischini criticou o medo de investir em tecnologia no setor e sugeriu que a cana precisa evoluir. “Temos que temer o investimento que não dá retorno. Em culturas como o algodão há muito mais aplicações e rigor. A cana pode e deve acompanhar esse nível”.

Finalizando, destacou que o setor sucroenergético ainda está atrás de culturas como a soja e o café em práticas sustentáveis, mas que o potencial de evolução é enorme. “Não é só sobre produtividade. É sobre deixar um planeta melhor para os nossos filhos e netos”, concluiu.