Cigarrinha-das-Raízes: de praga secundária para uma das mais danosas no canavial
29-08-2016

Foi a primeira praga que mudou de importância com o advento da colheita de cana crua

Até o final da década de 1990, época em que a colheita ainda era realizada com a prévia queimada, a Cigarrinha-das-Raízes (Mahanarvafimbriolata) era considerada uma praga secundária e de pouca importância, já que o fogo matava as formas biológicas da mesma, eliminando seu potencial de danos em função de uma população menor. Porém, com a introdução do sistema de cana crua, os problemas com essa praga começaram a ganhar novas proporções.

A pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Leila Luci Dinardo-Miranda, conta que, logo no início dos processos mecanizáveis, foi realizada uma pesquisa, conduzida no município paulista de Guaíra, para saber se haveria diferenças populacionais dessa praga nas áreas com e sem queimada. Foi constatado que, numa mesma fazenda, o número de ninfas + adultos por metro na cana queimada era de 0,5. Já nas áreas onde a cana foi colhida sem a presença do fogo, esse número saltou para 20,2. “A Cigarrinha-das-Raízes foi, portanto, a primeira praga que mudou de importância com o advento da colheita de cana crua.”

Porém, Leila afirma que a ausência do fogo não foi o fator que mais impactou as populações, já que a fêmea coloca seus ovos a uma profundidade de 10 cm, o que impossibilita que o fogo pré-colheita, que atinge apenas as camadas superficiais do solo, os eliminasse. “Dessa forma, o fator mais impactante foi mesmo a presença da palha.”

A pesquisadora explica que o impacto da palha sobre a Cigarrinha é tão grande que, uma vez retirada, as populações diminuem grandemente. “O motivo é que, quando retiramos esse material da linha de cana, os raios solares incidem com mais intensidade e, por causa disso, as ruas secam, o que prejudica o desenvolvimento dessa praga.”

Pesquisas apontam que somente a retirada da palha reduz em cerca de 60% a população de Cigarrinha presente naquela área. “Essa é uma ferramenta importante e que pode ser usada no manejo, porém, essa técnica sozinha não a eliminará por completo, apenas atenuará o problema”, afirma Leila.
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