Com problemas climáticos, Conab confirma expectativa de queda na produção de grãos em 2023/24
10-01-2024

Chuvas mal distribuídas e temperaturas elevadas prejudicaram a soja, destacou Conab — Foto: Sadi Beledelli / Arquivo pessoal
Chuvas mal distribuídas e temperaturas elevadas prejudicaram a soja, destacou Conab — Foto: Sadi Beledelli / Arquivo pessoal

Companhia estima uma colheita de 306,4 milhões de toneladas

Por Fernanda Pressinott — São Paulo

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu sua estimativa para a safra brasileira de grãos em 2023/24 em 1,9% (5,9 milhões de toneladas), para 306,4 milhões de toneladas.

Diante de condições climáticas instáveis, com chuvas escassas e mal distribuídas aliadas a altas temperaturas na região central do país, além de precipitações volumosas na região Sul, a autarquia diz que ainda há muitas incertezas sobre a temporada.

De qualquer forma, se os números da Conab divulgados nesta quarta-feira (10/1) estiverem corretos, a produção deve ser 4,2% ou 13,5 milhões de toneladas inferior ao obtido em 2022/23.

A estimativa para a produção de soja, carro-chefe do agronegócio nacional, passou de 162 milhões para 155,3 milhões de toneladas, em linha com o que consultorias privadas estão divulgando. Em 2022/23, o país colheu 154,6 milhões de toneladas.

“Chuvas mal distribuídas e temperaturas elevadas influenciaram de maneira negativa tanto no plantio como no desenvolvimento das lavouras. As condições climáticas também foram determinantes para alguns produtores migrarem para outras culturas, contribuindo para a redução da área em relação ao levantamento divulgado em dezembro”, diz a Conab no relatório de hoje.

No caso do milho, a Conab cortou em 924,6 mil toneladas a estimativa de produção, para 117,6 milhões de toneladas, redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior.

“A queda é reflexo de uma menor área plantada e de uma piora na expectativa de rendimento das lavouras. A primeira safra do cereal, que representa 20,7% da produção, vem passando por situações adversas como, elevadas precipitações nos estados do Sul, baixas pluviosidades acompanhadas pelas altas temperaturas no Centro-Oeste”, diz o texto.

Segundo o boletim da Conab, para a segunda safra do grão, além de avaliar os custos, as decisões dos produtores dependem de fatores climáticos, de disponibilidade de janela para o plantio e dos preços de mercado.

Arroz e feijão

Nos produtos importantes para o consumo interno, o arroz deve somar uma colheita de 10,8 milhões de toneladas, 7,2% mais que no ciclo passado.

“Se por um lado os preços do cereal foram incentivos para o aumento de área em alguns estados produtores, por outro, o atraso no plantio, o volume excessivo de chuvas ou de períodos de veranicos que ocorreram em regiões diversas, além das dificuldades nos tratos culturais, são variáveis para o registro de impactos desfavoráveis na produtividade do arroz”, alerta a autarquia.

No caso do feijão, a Conab espera uma estabilidade na produção, com 3,03 milhões de toneladas. Porém, a implantação da primeira safra da leguminosa caminha para a conclusão e vem apresentando alterações negativas, devido à instabilidade do clima.

Já para o algodão, a Conab espera uma queda na produção de 2,3%, com 3,1 milhões de toneladas de pluma.

Por fim, a autarquia finaliza os números da safra de trigo, com uma produção de 8,1 milhões de toneladas.

Fonte: Globo Rural