Como conseguir alta taxa de desdobra no sistema Meiosi e MPB
28-06-2018
A viabilidade econômica do sistema Meiosi – Muda Pré-Brotada (MPB) passa pela taxa de desdobra, ou seja: quantas linhas, a cana gerada pela linha-mãe (plantada com a MPB), vai cobrir. “Quando adotei esse sistema, há cinco anos, minha taxa de multiplicação era de 1x7 (1 linha de cana plantada com MPB gerava muda para setes linhas). Hoje, minha taxa de multiplicação ultrapassa 1x40”, conta o produtor Ismael Perina Jr, pioneiro na adoção do sistema.
Como conseguir alta taxa de desdobra? – Perina conta que tudo começa pelo preparo de solo. Para ele, na formação de um novo canavial é fundamental utilizar em 100% da área o eliminador de soqueira. “Não dá mais para ficar só na gradeação. Volta a brotação, não se interrompe ciclos.”
O correto, para o produtor, é vislumbrar cada vez mais um horizonte de canaviais mais longevos, chegando a dez, doze, quinze cortes. Por isso, não se justifica não fazer um preparo de solo com excelência. “O custo é diluído por três plantios. O plantio, na maior parte das regiões, tem que ser com horizonte de colheitas de 14, 15 safras. E isso é possível. Há vários exemplos no setor de canaviais com mais de 10 cortes. E com as oportunidades e tecnologias que temos, veremos que não será difícil chegar lá.”
Ressalta que a condição de preparo tem que ser muito boa, com destorroamento perfeito. “Como se fosse colocar uma roça de soja [exemplo de cultura intercalar, usada na rotação de cultura com cana], que é o que vou fazer no sistema de Meiosi. Portanto, o próprio preparo de Meiosi ajuda a preparar bem o terreno. E não custa nada. Se absorver todo esse custo de preparo para a soja, o preparo já ficou de graça. A soja precisa do preparo e incorporo no custo dela. Pelo menos onde ela é possível.”
Também é importante aplicar uma subsolagem, linha por linha, que faz o serviço de descompactação. “Mas a grande maioria das áreas não precisa subsolar. Joga adubo em cima. E não precisa subsolar todo ano. Não justifica. Tenho cana de 14 cortes dando 90, 95 t/ha, sem uma subsolagem.”
Perina não se conforma com as reformas de canaviais da maneira como estão sendo feitas: que pegam lá da cabeceira, fazendo 100% da área. O resultado tem sido uma erosão acentuada. “Não se pode mais perder solo por erosão. Temos que fazer reforma em faixa. Por isso que é preciso rever alguns pontos e conceitos que foram perdidos e, se for preciso, brigar com gerência e diretoria para se cultivar a cana como deve ser”, aconselha.
Observa que, aparentemente a MPB pode parecer cara. “Mas quando se combina essa tecnologia com o sistema de Meiosi, temos um método barato, que aumenta o ganho do produtor. Segundo ele, pensou-se por muito tempo em tonelada de cana por hectare, “mas temos que pensar em número de gemas por hectare ou por metro. Assim voltamos a cair no conceito da própria planta chamada cana-de-açúcar, que forma touceira. Se forma touceira e encho de gema, joguei muita cana fora à toa que poderia estar na usina fazendo açúcar e etanol.”
Na Meiosi com MPB, o produtor tem grande rendimento. “Nesse modelo, começamos a trabalhar com 50 cm de espaçamento e já estamos com 70 cm em algumas variedades entre uma muda e outra. E com o canavial futuro fechando de forma inacreditável, mesmo sendo uma muda plantada a cada 70 cm.”
Na fazenda Belo Horizonte, em Jaboticabal, SP, de propriedade de Perina e família, as linhas-mãe com MPB são plantadas manualmente, com matraca e no melhor período do ano (de junho a agosto) em que resultará em maior taxa de desdobra. Logo após o plantio entra com a irrigação, que apode ser com um tanque e uma bomba. “Mas tem que fazer o trabalho bem-feito de irrigação localizada, com baixo consumo de água. A água, além de irrigar, ajuda a dar firmeza na muda. Depois do plantio, mais outra irrigação pode ser suficiente. Precisaria de mais uma se ficar muito seco.” Enquanto isso, ainda não se planta a roça da cultura intercalar (soja, amendoim, crotalária), porque não choveu ainda. “A roça planta quando chover”, explica Perina.
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