Como o açúcar irá reagir ao forte superávit apontado pelo USDA ao longo deste ano?
18-06-2025

Dados do primeiro levantamento semestral de 2025 mostram forte crescimento no superávit internacional na safra futura 2025/26 que começará em outubro; Entre a temporada atual 2024/25 e a temporada futura 2025/26 o superávit internacional crescerá 114% saindo de 5,31 para 11,39 milhões de toneladas com avanço de 6,07 milhões de toneladas de excedente entre a oferta e a demanda no saldo global da nova temporada; Crescimento na produção foi bem mais intenso que o crescimento na demanda por açúcar
Por Mauricio Muruci
A secretaria de Agricultura dos Estados Unidos atualizou no dia 22 de maio o seu primeiro relatório semestral de oferta e demanda de açúcar relativos a safra internacional 2025/26, que começará em outubro de 2025. Além disso, também promoveu fortes revisões de dados relativos a safra atual 2024/25 que termina em setembro deste ano. Ao longo dos meses de abril e maio a SAFRAS & Mercado elaborou e publicou em sua plataforma relatórios específicos sobre as principais origens internacionais que estavam sendo antecipados á época pelos adidos locais da China, Índia, Tailândia, União Europeia e Brasil.
Já os dados mais recentes do reporte oficial de maio, mostram um exponencial crescimento no saldo entre a oferta e a demanda que, entre a temporada atual e a futura, saiu de 5,31 para 11,39 milhões de toneladas, com crescimento de 114%, ou 6,07 milhões de toneladas entre as temporadas 2024/25 e 2025/26. É interessante notar que, com as revisões nos dados da temporada 2024/25 realizados pelo USDA tanto na produção quando na demanda internacional por açúcar, o saldo da temporada 2024/25 saiu de um superávit de 7,23 para um superávit de 5,31 milhões de toneladas.
Porém, ainda que o saldo superavitário da temporada atual 2024/25 tenha sido reduzido em 1,91 milhões de toneladas, isto serviu para aumentar o distanciamento abissal do saldo da safra atual frente a safra futura 2025/26 que será de 11,39 milhões de toneladas. Com isso, a leitura da SAFRAS & Mercado é que o mercado internacional de açúcar dará mais atenção ao superávit de 11,39 milhões de toneladas da safra futura 2025/26 do que á redução de quase 2 milhões de toneladas no saldo superavitário da temporada atual 2024/25.
Este saldo superavitário em 11,39 milhões de toneladas da temporada futura 2025/26 é o maior nível de excedente de oferta desde a temporada 2017/18 quando até então o superávit oscilava em 20,36 milhões de toneladas. Além disso a SAFRAS & Mercado alerta que o crescimento forte no saldo acima de 11 milhões de toneladas vem de um avanço mais forte observado na oferta do que na demanda, ainda que esta também tenha crescido forte.
A estimativa do USDA para a produção da temporada futura 2025/26 é de 189,31 milhões de toneladas que se mostra 4,74% maior que a produção da temporada atual 2024/25 em 180,75 milhões de toneladas. Entre a temporada atual e a futura teremos um crescimento na oferta de 8,56 milhões de toneladas. Outro ponto interessante foi a revisão dos dados sobre a safra atual 2024/25 promovida pelo USDA agora em seus dados de maio que saíram de 186,02 no reporte de novembro de 2024 para a faixa atual de 180,74 milhões de toneladas no relatório de maio de 2025, com uma queda expressiva de 5,70 milhões de toneladas realizada pelo USDA.
Já a demanda interna para a safra futura 2025/26 atualmente estimada em 177,92 milhões de toneladas se mostra 2,48 milhões de toneladas mais alta que a demanda da temporada atual 2024/25 apontada em 175,43 milhões de toneladas, com uma alta de 1,42% entre a safra atual e a futura. Além disso o USDA também promoveu um forte ajuste de baixa na estimativa de demanda da safra atual 2024/25 que no relatório de novembro de 2024 era de 178,78 milhões de toneladas e que agora é de 175,43 milhões de toneladas, com um corte de 3,35 milhões de toneladas.
utro ponto importante é o comportamento divergente entre os estoques finais e os estoques iniciais. Isto porque os estoques iniciais deverão ter uma forte queda de 17% entre a temporada atual e a futura, com recuo de 7,90 milhões de toneladas, saindo de 46,21 para 38,31 milhões de toneladas. Porém, os estoques finais deverão ter uma alta de 2,87 milhões de toneladas, com alta de 7,51% ao sair de 38,31 para 41,18 milhões de toneladas. Como os estoques finais irão crescer 2,878 milhões de toneladas na safra futura 2025/26 e a demanda interna irá avançar um pouco menos, na faixa de 2,486 milhões de toneladas, haverá um crescimento na relação Estoque/Consumo de 1,31 ponto porcentual que, entre a safra atual 2024/25 e a futura 2025/26 deverá passar de 21,84% para 23,15%.
Neste sentido forma-se no mercado um segundo vetor de baixa aos preços do açúcar no médio prazo, projetado para o restante de 2025, primeiramente expressado pelo aumento exponencial no saldo superavitário entre a oferta e a demanda para a temporada futura 2025/26 e agora pelo crescimento também na relação Estoque/Consumo que, embora não seja a maior da série histórica, ajuda a formar um cenário de conforto tanto na oferta quanto nos estoques internacionais.
A pressão de baixa que se forma sobre os preços também é reforçada pelas perspectivas de exportações internacionais que deverão ter uma forte queda entre a temporada atual e a futura, saindo de 67,950 para 65,233 milhões de toneladas. Isto representa uma baixa nos fluxos externos de açúcar de 2,71 milhões de toneladas, ou, queda de 4,00%. Além disso o USDA promoveu um aumento de 2,12 milhões de toneladas nas perspectivas de exportações da safra atual 2024/25 que saíram de 65,82 para 67,950 milhões de toneladas entre o relatório de novembro de 2024 e o atual de maio de 2025.
Mauricio Muruci - Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fonte: Safras & Mercado
Do site: Udop