Como obter um canavial sem mato e porque isso é fundamental
19-01-2021
Se as plantas daninhas não forem controladas, as perdas em produtividade nos canaviais podem chegar a 41%. Por isso é fundamental desenvolver um controle eficiente
O controle de plantas daninhas é de suma importância para a produtividade dos canaviais. É preciso que ocorra na hora certa, com a liberação de um herbicida adequado e na dosagem correta. Isso é importante para o aumento do resultado da empresa. A base é o planejamento, que permite a adoção das melhores estratégias de combate de todo tipo de planta daninha ou de pragas.
Pedro Jacob Christoffoletti, pesquisador da ESALQ/USP, observa que o controle das plantas invasoras do canavial é um desafio muito sério, pois podem comprometer a produção final da área. “Caso estas plantas daninhas não sejam controladas, as perdas em produtividade podem chegar a 41%. Para ter sucesso, temos que controlar as plantas daninhas por, pelo menos, 127 dias do ciclo da cultura. Um problema cada vez maior para usinas e produtores de cana, as folhas largas têm ganhado importância nos últimos anos devido, principalmente, à colheita mecanizada. Atualmente, 26% das recomendações de herbicidas são feitas para essas espécies. Já 74%, para as gramíneas.”
Para se atingir um bom nível de controle, e ainda obter seletividade para a cultura, segundo o consultor Weber Valério, é importante contar com uma gestão compartilhada, em que todas as fases dos processos, como plantio, tratos culturais e colheita, interajam entre si. “E fico feliz em notar que muitos produtores e pesquisadores já estão afirmando que a gestão é a base dessa pirâmide. Os profissionais do setor estão percebendo que bons níveis de controle de plantas daninhas com seletividade para a cultura da cana-de-açúcar não passam apenas por bons produtos, mas também pela gestão de pessoas.”
No combate às plantas daninhas da lavoura, a aplicação de herbicidas em um ambiente de palha não difere tanto de um ambiente com solo exposto, ressalta Edivaldo Domingues Velini, professor titular da UNESP/Botucatu. “Em um solo coberto, existe tanto o controle exercido pelo herbicida quanto pela palha. Dessa forma, tem que aproveitar o controle dos dois agentes, utilizando um produto que consiga atravessar essa matéria e considerando também que a palha tem um excelente potencial de controle. Cada espécie de planta daninha é sensível a uma quantidade de palha, sendo que algumas são controladas com 4 a 5 toneladas, enquanto outras precisam de 10 a 11 toneladas. Então não se dimensiona a quantidade para controle, a gente tem controle em função da quantidade que ocorreu”
Para os especialistas, é preciso que o foco principal do controle de daninhas seja em pré-emergência: 80% do controle está nesta fase para reduzir o colchão de sementes que irão emergir com a chegada das chuvas e com a movimentação máquinas no preparo de solo para o plantio. Por isso, a necessidade de um trabalho preventivo.
Mesmo assim, sempre sobra umas manchas de mato, sendo necessário realizar catações químicas. Para otimizar a aplicação do produto, atacando o foco e reduzindo custos, o uso da agricultura de precisão é importante para localizar com exatidão os focos e fazer aplicação dirigida. E o uso da tecnologia, mesmo depois da reforma, se tem ideia de como está o banco de sementes em cada local.
Para a maximização da produtividade da cana-de-açúcar (cana de três dígitos), a cultura deve ser protegida dos efeitos da competição com as plantas daninhas, evitando assim interferências negativas, como efeitos alelopáticos, decréscimos da longevidade e da produtividade do canavial, da qualidade da matéria-prima, dificuldades nas operações de colheita, hospedagem de pragas e doenças. Para reduzir a incidência das plantas daninhas é importante um manejo integrado que se inicia pelo conhecimento da flora local por meio da matologia.
Outras medidas importantes na redução das plantas daninhas são: aproveitar o momento da reforma para fazer uma desinfestação, o cuidado com a tecnologia de aplicação utilizada e a necessidade de se verificar o uso ou não de adjuvante. Também é preciso fazer o uso correto dos defensivos, considerando a sua recomendação como: época de aplicação, cuidados, controle realizado etc. O custo é importante, mas o produtor deve priorizar, ao fazer a compra do defensivo agrícola, o retorno que terá em reais por tonelada, e não simplesmente comprar o defensivo mais barato. Trabalhar com molécula de baixo custo nem sempre vale a pena.
Fonte: CanaOnline

