Conciliação garante pagamento a mais de 2,5 mil trabalhadores de usina de cana falida
10-11-2025
Acordos podem alcançar 4 mil trabalhadores e elevar o pagamento para algo próximo de R$ 100 milhões
Por Camila Souza Ramos — São Paulo
Mais de 2,5 mil trabalhadores que atuaram nos trabalhos de campo de uma usina de cana-de-açúcar falida fecharam acordos para receber em torno de R$ 50 milhões e encerrar os processos trabalhistas que moviam contra empresas do mesmo grupo econômico. Ainda há negociações em andamento com a empresa. Os acordos podem alcançar 4 mil trabalhadores e elevar o pagamento para algo próximo de R$ 100 milhões.
As tratativas ocorrem com apoio do Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Cejusc/TST) para reduzir o número de processo trabalhistas, que sobrecarregam principalmente as comarcas de pequenas cidades do interior.
Durante a semana passada, foi homologado um acordo que envolveu 490 trabalhadores representados pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais de Nanuque (MG), e acordos que atenderam trabalhadores de Naviraí (MS).
As identidades da usina falida e do grupo econômico que passou a responder por seus passivos não foram divulgados. Segundo Alex Cukier, sócio do Candido Martins Cukier, especialista em resoluções de conflitos e que representou a empresa, os primeiros processos foram abertos quando a usina começou a entrar em dificildades financeiras, há cerca de 15 anos, e se avolumaram quando a empresa tomou o rumo da falência.
Na ocasião, mais uma leva de processos foi aberta pelos sindicatos pedindo o pagamento de verbas rescisórias que não foram pagas.
Histórico
Uma década atrás, o setor sucroalcooleiro passou por uma forte crise que levou ao fechamento de uma centena de usinas. A crise foi causada por fortes investimentos em expansão feitos nos anos anteriores, pela crise financeira de 2008, pela queda do petróleo nos anos seguintes, pelo controle dos preços da gasolina no mercado interno e por um ciclo de baixa dos preços do açúcar.
Muitas das usinas que foram afetadas na época entraram em recuperação judicial e pagaram os credores trabalhistas dentro de seus planos de recuperação, mas algumas não sobreviveram e os passivos prosseguiram e se avolumaram.
"Neste caso, são processos com questões complexas em discussão. São processos duradouros, um deles foi até o STF, e com uma perspectiva de que ainda demoraria muitos anos", afirma Cukier. Segundo ele, o objetivo com a conciliação entre as partes foi reduzir a litigiosidade.
Ainda há a expectativa de que seja fechado um acordo com mais um sindicato de trabalhadores rurais que trabalhavam para essa empresa, o que pode encerrar mais de 1,2 mil processos, diz.
Fonte :Globo Rural

