Controle da Cigarrinha-da-raiz passou a exigir mais aplicações químicas, pode ser que a cigarrinha esteja mais resistente
15-10-2020

Danos da Cigarrinha na cana-de-açúcar
Danos da Cigarrinha na cana-de-açúcar

Em muitas áreas, são necessárias duas aplicações. Em algumas, até três aplicações, e isso é um grande problema

Entre as pragas que atacam a cana está a Cigarrinha-da-raiz - Mahanarva fimbriolata - que causa uma impactante redução na produtividade da cultura, conforme explica a pesquisadora científica Leila Luci Dinardo-Miranda, do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico).

“A cigarrinha provoca redução na produtividade de colmos e ainda no teor de açúcar na cana, aumentando o de fibra. Essa redução da produtividade é diferente em cada variedade: umas são mais afetadas que outras; umas perdem mais que outras. O tamanho da planta ao ser atacada, também interfere nos danos causados pela cigarrinha: quando as plantas estão muito pequenas no momento de ocorrência das cigarrinhas, o dano é muito maior do que quando as plantas estão grandes. Essa perda pode ir de 20%, 30% a 40% na produtividade. Em alguns casos, de variedades muito suscetíveis, atacadas quando estão muito pequenas, a perda pode ser de 60% na redução da produtividade”, observa a pesquisadora.

Segundo Leila, parte do controle das cigarrinhas é biológico, feito com o uso de fungos. “Ocorre o controle biológico, com aplicação do fungo Metarhizium anisopliae, mas em grande parte da área o controle é químico, com inseticidas”, conta. “Até uns 10, 15 anos, uma única aplicação bastava. Hoje, são necessárias duas aplicações em muitas áreas. Em algumas até três aplicações, e isso é um grande problema”.

Para a pesquisadora, este acréscimo nas aplicações pode ser um indício do aumento da resistência das populações da praga aos produtos utilizados. “Em muitas áreas, o controle ainda é muito eficiente, bastando uma aplicação; mas em diversos locais, são necessárias mais que uma aplicação. É claro que aplicações malfeitas, com dosagem errada de produto, etc.  interferem na eficiência e podem ser a causa da baixa eficiência dos produtos. Mas, em outros casos, onde se faz tudo certinho, os produtos são pouco eficientes porque as populações de cigarrinha na área já estão resistentes”.

Desta forma, para manterem a produtividade da cana-de-açúcar, os produtores do setor buscam inovações que protejam as lavouras e mantenham os resultados. “Por causa dessa resistência em certas áreas, e até mesmo em locais em que ela ainda não é observada, é muito importante que novas moléculas sejam introduzidas para o controle de cigarrinha, para que os produtores possam fazer uma rotação de produtos no controle e com isso reduzir o risco de resistência nas populações”, conclui Leila.

Fonte: CanaOnline