Cosan discute com Shell estratégia de reforço de capital da Raízen
03-09-2025

Plantação de cana pronta para colheita. Elzauer_Getty
Plantação de cana pronta para colheita. Elzauer_Getty

Controladores analisam alternativas para reduzir dívida e atrair parceiros em meio a perdas bilionárias

Redação com Reuters

A Cosan anunciou nesta terça-feira (2) que avalia com a sócia Shell possíveis investidores interessados em uma transação para capitalização da empresa de combustíveis Raízen.

A companhia afirmou em comunicado ao mercado que não há no momento “quaisquer aprovações ou eventos vinculantes até o momento”.

A operação em análise acontece em um momento de maior pressão financeira para a Raízen. No primeiro trimestre da safra 2025/26, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão e viu sua alavancagem subir para 4,5 vezes a geração de caixa, contra 2,3 vezes um ano antes. O cenário de margens mais apertadas, queda de rentabilidade e aumento da dívida levou as ações da empresa a recuarem ao menor patamar desde a abertura de capital. Como reação, a Raízen iniciou um processo de reestruturação que inclui a simplificação de portfólio, revisão de usinas e busca de novos parceiros estratégicos.

Para a Cosan, a capitalização da Raízen se conecta a um movimento mais amplo de reforço da sua própria estrutura de capital. Em janeiro deste ano, a companhia vendeu parte relevante de sua participação na mineradora Vale, levantando cerca de R$ 9 bilhões, o que permitiu reduzir a dívida em aproximadamente 40%. O grupo, que tem atuação em energia, logística e gás, busca preservar liquidez em um ambiente de juros ainda elevados e ampliar a capacidade de investir em negócios de longo prazo.

Já a Shell, sócia da Cosan na Raízen desde a criação da joint venture em 2011, vê a empresa como pilar estratégico em biocombustíveis e energia renovável. A petrolífera tem reforçado globalmente seus compromissos de transição energética, e a Raízen representa uma das principais plataformas nesse segmento, com produção de etanol, açúcar, eletricidade a partir de biomassa e expansão em biogás. Nesse contexto, a entrada de um novo investidor pode reduzir riscos financeiros e acelerar a execução de projetos voltados à descarbonização.

Rumores recentes incluíram até a Petrobras como possível interessada em uma fatia da Raízen, o que sinalizaria uma tentativa da estatal de retomar protagonismo no setor de etanol. A companhia, no entanto, negou formalmente qualquer negociação. Ainda assim, a possibilidade de um novo sócio traz impacto relevante para o mercado, já que se trata de uma das maiores empresas do país em faturamento, com milhares de postos de combustíveis da marca Shell e liderança na produção de etanol de cana e de segunda geração.

Fonte: Forbes