CTC tem lucro recorde no 2º trimestre com resultado de pesquisas
14-11-2025
Empresa já está com 70% de sua fábrica de sementes concluída
Por Camila Souza Ramos — São Paulo
O avanço do plantio das novas variedades de cana-de-açúcar do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), fruto de anos de investimento em pesquisa e desenvolvimento, fez a companhia registrar receita recorde com royalties e um novo recorde de lucro líquido no segundo trimestre da safra 2025/26, encerrado em setembro. E os investimentos da companhia continuarão em ritmo forte ao menos até o fim desta safra.
O lucro líquido do CTC no trimestre subiu 41,2%, a R$ 67,8 milhões. Com uma receita trimestral que aumentou 17,1%, a R$ 117,2 milhões, a margem líquida expandiu-se em 9,9 pontos percentuais, para 41,2%. Somente o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 48%, a R$ 62,3 milhões.
O aumento dos ganhos é reflexo direto do aumento da participação de mercado da companhia. No primeiro semestre da safra (abril a setembro), 30% das lavouras de cana plantadas com variedades protegidas foram com variedades do CTC, um percentual 4 pontos maior do que no mesmo período do ciclo anterior.
“O CTC expandiu sua presença em todas as regiões onde atuamos, em São Paulo e outros Estados. Mas uma região se destacou mais: o oeste de São Paulo, na região de São José do Rio Preto e Araçatuba”, conta Paulo Polezi, diretor financeiro e de relações com investidores do CTC. Trata-se de uma região com forte atuação de grandes grupos, que costumam influenciar o mercado de forma geral. Nessa região, a participação do CTC no mercado de plantio de variedades protegidas saiu de 27% para 34%.
Segundo a companhia, 80% do plantio de variedades protegidas do CTC foi feito já com variedades novas, e houve ainda 161 novos usuários da Advana 1, que promete um ganho que produtividade de 14%.
Investimentos
Além dos resultados comerciais, o CTC manteve seu cronograma de investimentos para esta safra, que tem como principal foco a construção da planta demosntrativa de produção de sementes de cana. No segundo trimestre, os investimentos em bens de capital (Capex) da companhia cresceram 148,1%, para R$ 21,2 milhões.
Segundo Polezi, as obras já estão avançadas em 70% do projeto e agora o investimento está em fase de desembaraço dos equipamentos de automação importados da Holanda. Os trabalhadores que irão operar a nova planta já estão todos contratados, e agora estão em fase de treinamento.
Enquanto isso, a companhia continuou com testes de plantio de suas sementes, e já conseguiu plantar sementes com quatro variedades distintas de cana em 11 localidades diferentes, com um índice de germinação de ao menos 85%. A expectativa, segundo Polezi, é que até o início da nova safra, haja 20 hectares plantados com as sementes de cana do CTC no país.
Por ora, os plantios estão sendo realizados de forma manual, mas Polezi diz que os equipamentos em desenvolvimento também estão avançando. “Os projetos [de equipamentos] avançaram bem. E o CTC também teve uma evolução na cápsula da semente já temos uma cápsula mais evoluída. Os equipamentos agora têm que ser ajustados, os fabricantes já estão fazendo esse ajuste”, disse.
O investimento na fábrica de sementes está orçado em R$ 100 milhões e é o maior investimento já realizado pelo CTC. Quando o empreendimento for concluído, o nível de capex deverá diminuir — mas não aos níveis históricos. Atualmente, 19% da receita está direcionada ao capex, ante uma média histórica de 5%.
“Na próxima safra, continuamos expandindo investimento em laboratórios, trazendo equipamentos com tecnologias mais modernas e fazendo outros investimentos que vão preparar a empresa para o crescimento que vem pela frente”, disse o executivo. Segundo ele, nos próximos anos o capex deve ficar entre 5% a 10% da receita.
Novas variedades
O CTC também continua com avanços em suas outras duas vertentes de inovação: o de melhoramento genético e de biotecnologia. No primeiro caso, a companhia anunciou recentemente que descobriu o agente causal da murcha da cana, doença que emergiu nos canaviais brasileiros nos últimos cinco anos e já atinge 30% das lavouras, com perdas de até 50% nos talhões. com a descoberta, o CTC vai trabalhar para desenvolver uma variedade que combata o fundo causador da doença.
Na segunda vertente de inovação, de biotecnologia, o CTC concluiu o desenvolvimento de sua segunda variedade transgênica de cana, que junta duas transgenias: a que combate a broca da cana, e que a empresa já tem no mercado desde 2017, com a transgenia de resistência ao glifosato. A empresa espera que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprove a nova trangenia ainda nesta safra.
“Estamos confiantes que vai ser aprovado e já estamos produzindo mudas nos viveiros, o que vai permitir plantio nos testes de no pré-lançamento na próxima safra”, afirmou Polezi.
Fonte: Globo Rural

