Diretor da Toyota destaca papel do etanol e da bioenergia na transição energética global
28-10-2025

Em evento da RIDESA, executivo defendeu múltiplas rotas tecnológicas e afirma que o Brasil deve exportar seu modelo de mobilidade sustentável

Por Andréia Vital

A integração entre bioenergia e mobilidade como caminho viável e escalável para a transição energética global foi defendida por Rafael Ceconello, diretor de Assuntos Governamentais e Regulatórios da Toyota Brasil, durante sua participação na “Mesa Redonda: Políticas públicas para bioenergia e o papel do setor sucroenergético”, realizada durante o evento de liberação nacional de variedades da RIDESA Brasil, no dia 22 de outubro, em Ribeirão Preto - SP.

Com mediação de Roberto Hollanda Filho, diretor-executivo da Bioenergia Brasil, o painel contou ainda com a participação de Pedro Tavares Campos Neto, presidente da Câmara Setorial de Cana-de-Açúcar; Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Bioenergia Brasil e da SIAMIG Bioenergia; e Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e da Canaplan.

Hollanda lembrou que o país soma 50 anos do Proálcool, 22 anos do carro flex e seis anos do primeiro híbrido flex do mundo — marcos que consolidam o Brasil como referência em inovação e sustentabilidade. Diante disso, perguntou ao executivo da Toyota qual o modelo de mobilidade que a companhia desenha para o futuro. Ceconello respondeu.

“O futuro da mobilidade não tem uma solução única. Precisamos de modelos práticos, sustentáveis e escaláveis. Esse é o desafio da indústria automobilística, que está na ponta final desse processo e precisa oferecer soluções viáveis, com tecnologia que seja escalável e sustentável por causa da pauta global da transição energética”, afirmou.

Ceconello explicou que a Toyota adota uma visão multi-pathway, ou seja, baseada em múltiplas rotas tecnológicas. Segundo ele, não existe um único caminho para a descarbonização, mas sim uma transição escalonada, planejada e adaptada à realidade de cada país.

“Assim como os pesquisadores desenvolvem diferentes variedades de cana para atender características locais, a indústria automotiva precisa de soluções diversas. O segredo é usar o que há de mais eficiente em cada tecnologia, aproveitando o melhor dos motores a combustão, dos biocombustíveis e da eletrificação”, ressaltou.

O executivo destacou o etanol como o diferencial que o Brasil pode oferecer ao mundo, classificando-o como um vetor energético aproveitável, capaz de gerar valor em toda a cadeia - do campo à bomba e da biomassa à energia elétrica.

“O ciclo da cana é riquíssimo. É o insumo, a bioenergia, o etanol, a biomassa. Tudo pode e deve ser melhor aproveitado. Quando você consegue alimentar um motor com etanol ou com Bi-Fuel no geral, precisa dar escala a isso. O Brasil tem esse case de sucesso e deve exportá-lo”, afirmou.

Ceconello destacou que o híbrido flex representa a materialização dessa integração. “É uma eletrificação prática, sem recarga, com bateria perpétua e aproveitamento energético da frenagem. Une tecnologia, custo competitivo e infraestrutura já existente. É uma solução técnica, real e sustentável, pronta para ser replicada em outros países”.

Ele reforçou que o modelo brasileiro de bioenergia é replicável globalmente, especialmente em países como Índia e Indonésia, que começam a adotar o etanol como alternativa de descarbonização.

“Temos que replicar esse sucesso. O Brasil tem tecnologia, ciência e experiência produtiva. O desafio agora é transformar essa vantagem técnica em política pública e narrativa global, mostrando que a bioenergia é o caminho mais inteligente e acessível para combater o uso de combustíveis fósseis”.

Ao concluir, Ceconello defendeu que o setor tem o dever de “desmistificar o etanol”, com dados técnicos e científicos que comprovem sua eficiência ambiental.

“O maior desafio não é tecnológico, é de comunicação. Ainda há desconhecimento lá fora. Precisamos mostrar, com evidências, que o ciclo do etanol reduz emissões, gera energia limpa e contribui para a economia de forma integrada e sustentável”, finalizou.