DMB e AgroQuatro-S conduzem um dos maiores experimentos em plantio mecanizado de cana-de-açúcar do mundo
21-06-2021

Além de avaliar a produtividade da cana, experimento busca estudar o desenvolvimento do sistema radicular, tanto da cana planta como das socas subsequentes. Foto: Leonardo Ruiz
Além de avaliar a produtividade da cana, experimento busca estudar o desenvolvimento do sistema radicular, tanto da cana planta como das socas subsequentes. Foto: Leonardo Ruiz

Estudo já tem resultados divulgados da área de cana de ano. Experimento entra agora em sua segunda fase, buscando validar benefícios em cana de ano e meio

Leonardo Ruiz

Nos últimos anos, grande número de usinas e produtores tem retornado ao plantio manual da cana-de-açúcar, principalmente por dificuldades em dominar a operação. Pensando nisso, a AgroQuatro-S Experimentação Agronômica se uniu a DMB Máquinas e Implementos Agrícolas para realizar um experimento inédito no setor, que visa avaliar os impactos da adoção da alta tecnologia na construção do sulco de plantio de acordo com o tipo de preparo de solo. “É um projeto longo e bastante robusto, que busca levar informações com ética e segurança científica ao segmento, para que usinas e produtores possam ajustar seus plantios mecanizados da melhor maneira possível”, afirma Sérgio Gustavo Quassi de Castro, pesquisador da AgroQuatro-S.

Ele explica que a área do experimento (2,4 hectares) foi dividida em quatro faixas de 12 linhas cada. Em cada uma delas, foi instalado um tipo de preparo de solo diferente: (1) convencional com grade e arado; (2) eliminador mecânico de soqueiras; (3) plantio direto; e (4) eliminador mecânico de soqueiras + subsolador.

Experimento engloba quatro tipos de preparo de solo, subdividindo-os com o uso – ou não – das tecnologias da DMB para plantio mecanizado

Foto: Divulgação DMB/AgroQuatro-S

Em seguida, cada uma dessas faixas foi subdividida em duas. De um lado, foi utilizada toda a tecnologia de plantio mecanizado da DMB: Plantadora de Cana Picada PCP 6000 Automatizada munida das caixas de distribuição de óxido e do sulcador com dispositivo destorroador, equipamento que possui uma haste que subsola o fundo do sulco e um dispositivo destorroador que elimina torrões e ondulações do terreno. Do outro lado, foi utilizada uma versão mais antiga da plantadora da DMB, cabinada e dotada apenas de sulcador comum e sem aplicação de óxido.

Sérgio Gustavo Quassi de Castro: “É um projeto longo e bastante robusto, que busca levar informações com ética e segurança científica ao setor”


Foto: Leonardo Ruiz

O plantio da área ocorreu em 2020. Em maio deste ano, foi realizada a colheita do primeiro corte, em que foi avaliado o desenvolvimento da parte área da cana-de-açúcar, bem como a qualidade dessa matéria-prima. No entanto, Quassi de Castro ressalta que o caráter inédito desse projeto é a avaliação do desenvolvimento do sistema radicular, tanto da cana planta como dos cortes subsequentes, no espaçamento de 1,5m de largura (75cm para cada lado) até 1m de profundidade.

Processo de amostragem do sistema radicular das trincheiras abertas

Foto: Leonardo Ruiz

Para o ensaio, os pesquisadores adaptaram um sistema de amostragem de raízes pela metodologia de monólitos. Foi desenvolvida uma caixa de 35cm de largura, com 25cm de altura e 10cm de profundidade. Ela é batida no solo nas diferentes larguras e profundidades, abrangendo todo o perfil da soqueira, seja lateralmente ou verticalmente. Após colhida, cada amostra de solo é lavada numa peneira diretamente no campo. Em seguida, as amostras são levadas até o laboratório para lavagem, secagem e pesagem (úmida e seca). Uma vez determinado o peso das raízes e sabendo de qual posição ela foi retirada, é utilizado um programa computacional que irá fornecer a massa radicular do perfil da trincheira como um todo, gerando uma radiografia do solo em função dos desenvolvimentos das raízes.

Atualmente, o experimento se encontra em sua segunda fase, conduzido em uma área implantada com cana de ano e meio. Os primeiros resultados dessa nova etapa serão divulgados em breve pela CanaOnline.

Experimento em cana de ano prova que não é necessário fazer preparo de solo sofisticado para obter altas produtividades no plantio mecanizado

Recentemente, a DMB e a AgroQuatro-S divulgaram os vereditos observados durante a primeira fase do experimento (cana de ano). O gerente de marketing da DMB, Auro Pardinho, afirma que nas áreas onde foi utilizada a plantadora automatizada, aliada ao sulcador com dispositivo destorroador e as caixas de óxido, houve maior uniformidade do sistema radicular, tanto pelas laterais da linha como em profundidade, chegando a 1 metro. Em contrapartida, nas áreas sem as tecnologias da DMB, o sistema radicular atingiu uma média de 45cm de profundidade. Além disso, ele ficou muito concentrado em cima e mais de um lado da linha da cana do que do outro, provavelmente no rumo em que está localizada a mangueira do adubo dentro do sulcador.

Uso das tecnologias da DMB promoveu melhor distribuição radicular

Foto: Divulgação DMB/AgroQuatro-S

Para Pardinho, isso ocorreu pela falta de um dispositivo destorroador, que movimenta o solo e distribui o óxido uniformemente. “Esses dados provam também que não é necessário investir em um equipamento superpesado e sofisticado apenas para injetar o óxido em maiores profundidades. Nossas próprias tecnologias de plantio já fazem isso, tanto que o sistema radicular nesse experimento atingiu mais de 1 metro de profundidade.”

Outros dados do experimento em cana de ano atestaram ganhos de produtividade na ordem de 4 Toneladas de Cana por Hectare (TCH) ao utilizar as tecnologias DMB. “Com isso, o estudo comprovou que não é preciso investir muito no preparo de solo, com todas suas operações de grade aradora e intermediária, pois observamos que a área que recebeu apenas o eliminador de soqueiras registrou a mesma produtividade.” Das quatro práticas estudadas pelo experimento, o plantio direto e o eliminador mecânico de soqueiras aliado a um subsolador foram as que mais proporcionaram ganhos em produtividade agrícola.

Pardinho observa que o uso das tecnologias da DMB no plantio mecanizado garantiu ganhos médios de 13% no desenvolvimento radicular

Foto: Leonardo Ruiz

Pardinho observa que o uso das tecnologias da DMB no plantio mecanizado garantiu ganhos médios de 13% no desenvolvimento radicular; melhor distribuição radicular no perfil do solo até 1 metro de profundidade; e maior produtividade em TCH. “Além disso, nossos equipamentos substituíram o preparo de solo convencional, propiciando uma economia de até 43% no custo da operação, com maior disponibilidade operacional.”