Dólar: Moeda deve chegar aos R$ 6 até o final do ano?
31-10-2024

Foto: Internet
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"Apesar do início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, que geralmente alivia a pressão sobre o dólar, a fuga de capitais do Brasil tem sido intensa, agravada pela falta de clareza nas contas públicas", diz  Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

"O dólar subiu mais de 15% em 2024, apesar da queda nos juros dos EUA, por causa de incertezas sobre as contas públicas brasileiras e pela fuga de dinheiro do país. Esse movimento pode se intensificar se o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, vencer as eleições, pois ele defende políticas que limitam o comércio com países emergentes, o que afetaria as exportações do Brasil. Se o governo brasileiro não melhorar essa situação fiscal, o dólar pode chegar a R$ 6. Para conter essa alta, é fundamental controlar gastos públicos e, se necessário, o Banco Central ser mais rigoroso em relação a alta dos juros para se ter uma compensação sobre as moedas", Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike

"O dólar tem registrado uma alta significativa em 2024, com uma valorização considerável frente ao real, impulsionado principalmente por incertezas fiscais e econômicas no Brasil. Apesar do início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, que geralmente alivia a pressão sobre o dólar, a fuga de capitais do Brasil tem sido intensa, agravada pela falta de clareza nas contas públicas. Entre janeiro e setembro, o país viu a saída de mais de US$ 52 bilhões, refletindo a preocupação dos investidores com a capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais e controlar o crescente endividamento. Além disso, questões políticas, bem como declarações, aumentaram o risco percebido pelos investidores. As medidas de ajuste fiscal, incluindo congelamentos orçamentários, tentaram conter esses receios, mas o impacto no mercado ainda é incerto. Esses elementos combinados — incertezas fiscais, políticas e movimentos globais de juros estão contribuindo para a alta contínua do dólar, que pode se estender nos próximos meses caso essas variáveis não sejam controladas", Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

"O dólar pode, sim, atingir o patamar de R$ 6 até o final de 2024, impulsionado pelas incertezas fiscais no Brasil e a busca por ativos seguros em meio às eleições nos EUA e à política do Federal Reserve. A moeda está subindo devido ao cenário de risco percebido por investidores, que reagem às incertezas econômicas internas e externas. Para conter essa alta, o governo brasileiro pode focar em políticas fiscais mais restritivas e medidas para atrair capital estrangeiro, o que ajudaria a estabilizar o câmbio e reduzir a pressão inflacionária", Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio 

"Com o cenário extremamente volátil, é difícil dizer. Parte importante da performance do dólar frente ao real se deve às questões fiscais do Brasil, há muito "ruído" derivado do ceticismo dos investidores por parte do comprometimento do governo. Caso aconteça um ajuste das contas públicas, de forma crível e disposta a analisar os problemas do crescimento crônico das despesas obrigatórias, certamente observaríamos uma apreciação relevante do Real. O problema é antecipar se esse ajuste realmente acontecerá, e se será compatível com as expectativas do mercado. Pelo lado do fiscal, ambos os candidatos ameaçam deixar a trajetória da dívida ainda mais divergente. O aumento da dívida pública deve demandar maior "prêmio" por parte dos investidores no médio-prazo, entretanto, Trump tem plano de governo mais deficitário, e as políticas protecionistas  devem prejudicar mais as moedas emergentes, afetando a demanda por produtos estrangeiros, e por consequência, a balança comercial dos mesmos. De forma simples, é mais plausível que o dólar ganhe força globalmente sob o comando de Trump. O risco fiscal é responsável por aumentar o prêmio de risco de investimentos brasileiros, traduzindo-se em mais juros demandados pelo tomador. O aumento do serviço da dívida compromete ainda mais o orçamento já espremido, e entramos em uma bola de neve. Depois de certo ponto, a má gestão das contas públicas excede a relação risco/retorno do investidor, e observamos uma vazão do fluxo financeiro, o que corrobora para a depreciação da moeda", José Alfaix, economista da Rio Bravo.

"Embora a possibilidade do dólar atingir R$ 6 até o final do ano não possa ser completamente descartada, considero essa projeção pouco provável no cenário atual. Para que o dólar alcance esse patamar, precisaríamos ver choques econômicos significativos, como um agravamento da situação fiscal brasileira ou turbulências globais que aumentassem a aversão ao risco. A postura do Federal Reserve, que vem flexibilizando a política monetária, sugere uma tendência de enfraquecimento do dólar no mercado global, o que reduz a pressão sobre o real. Além disso, o Brasil tem se beneficiado do desempenho das commodities, o que contribui para manter um fluxo constante de dólares e sustentar uma certa estabilidade cambial. Contudo, é importante acompanhar os riscos fiscais e políticos internos, pois qualquer deterioração pode aumentar a pressão sobre o câmbio. Se o Federal Reserve adotar uma postura mais cautelosa e optar por uma elevação menor dos juros ou por cortes graduais, o impacto sobre o dólar tende a ser moderado. Um mercado de trabalho robusto e a inflação se aproximando da meta de 2% permitem que o Fed não tenha tanta urgência para reduzir agressivamente as taxas, mantendo o dólar relativamente estável. Com ajustes menores nos juros, a moeda americana poderá ser menos afetada pelo diferencial de juros em relação a outras economias. Isso significa que, embora possa haver uma pressão de enfraquecimento do dólar, ela não deve ser tão intensa, já que a política monetária do Fed continuará equilibrando as condições econômicas dos EUA", João Kepler, CEO da Equity Fund Group.

"É possível que o dólar chegue a R$ 6 até o final do ano, mas isso dependerá de uma combinação de fatores internos e externos. No cenário doméstico, a trajetória do câmbio está fortemente ligada à situação fiscal e à capacidade do governo em implementação medidas para controlar o crescimento das despesas obrigatórias. Caso não haja avanços significativos no ajuste das contas públicas e os riscos fiscais continuem a aumentar, o real pode sofrer uma desvalorização acentuada, levando o dólar a níveis mais elevados. Por outro lado, a recente sinalização de elevações menores nos juros nos Estados Unidos tende a aliviar a pressão sobre o dólar globalmente, já que uma política política menos agressiva por lá reduz o fluxo de capitais para investidores americanos e diminui o fortalecimento do dólar frente a outras moedas. No entanto, se os fundamentos fiscais do Brasil não melhorarem, o impacto desse movimento externo pode ser limitado, e o prêmio de risco exigido pelos investidores continuará a transmitir o câmbio", Jefferson Laatus, chefe-estrategista da Laatus.

"O dólar tem enfrentado uma valorização expressiva em 2024, especialmente em relação ao real, impulsionada por incertezas fiscais e econômicas no Brasil. Apesar do início do ciclo de redução de juros nos Estados Unidos, que normalmente ameniza a pressão sobre a moeda americana, a saída de capitais do Brasil tem sido acentuada devido à falta de clareza nas contas públicas. Entre janeiro e setembro, o país registrou a saída de mais de US$ 52 bilhões, refletindo a preocupação dos investidores com a capacidade do governo em atingir suas metas fiscais e gerenciar o aumento da dívida. Embora a possibilidade do dólar atingir R$ 6 até o final do ano não possa ser descartada, essa projeção parece pouco provável no cenário atual, a menos que ocorram choques econômicos significativos, como um agravamento da situação fiscal brasileira", Milton Badan, sócio e diretor da Swiss Capital Invest

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Tuanny Blumer