Eike Batista aposta em 'supercana' e tenta retorno aos holofotes
19-08-2024

Segundo empresário, investimento no projeto foi de R$ 350 milhões

Por Camila Zarur — Rio

O empresário Eike Batista, que chegou a ser a sétima pessoa mais rica do mundo, mas sofreu derrocada ao ser preso durantes o curso da Operação Lava-Jato, tenta agora se reerguer. Na sexta-feira (16/8), ele pôde sentir um pouco do gosto da louvação que recebia no passado ao apresentar sua nova aposta de empreendimento: as “supercanas”.

O empresário participou do 23º Fórum Econômico do Lide. Em uma apresentação que durou dez minutos, no painel “Os novos desafios do Brasil no campo da mineração, óleo e gás”, o presidente do Grupo EBX falou rapidamente de seus projetos, dos quais, pouco a pouco, ele teve que se desfazer em virtude da crise que se instaurou após o empresário ser alvo de denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e manipulação de mercados.

No entanto, antes mesmo que Eike pudesse dar início a sua participação, ele foi interrompido pelo ex-ministro Luiz Fernando Furlan, presidente do Lide. Furlan, que comandou a pasta de Desenvolvimento Econômico do primeiro governo Lula, disse que a presença do empresário no evento era um “resgate”.

“Esse moço pensou grande. O erro dele foi querer começar grande”, disse Furlan. “Eu sempre penso, Eike. A gente pensa grande, começa pequeno e anda rápido”.

Os anos que Eike passou longe dos holofotes em virtude da crise nos negócios fizeram com que ele perdesse um pouco o traquejo nos palcos. A apresentação no evento do Lide foi apressada — muito em decorrência do próprio atraso do evento — e ocorreu em dessincronia com a exibição dos slides.

Ainda assim, o empresário tentou vender seu novo projeto como uma “revolução de transição energética”. Segundo ele, o investimento no projeto foi de R$ 350 milhões.

“É o novo projeto, [no qual] eu estou envolvido há nove anos. A gente rebatizou o projeto de cana celulose, e ele vai ter um impacto nacional. Meu pai sempre me provocou: ‘Eike, busque coisas que fazem um impacto nacional’”, disse o presidente da EBX, fazendo menção ao empresário Eliezer Batista.

Segundo Eike, o projeto trata de uma cana com melhoramento genético capaz de produzir até três vezes mais etanol por hectare e de sete a 12 vezes mais bagaço. Desse tipo de planta, pode-se aproveitar do bagaço à palha para a produção de plástico biodegradável.

“Temos hoje, em 2024, 17 espécies da supercana. Estão patenteadas. Esperamos que nos próximos cinco, dez, 15 anos o Brasil vá fazer uma revolução. [São] três vezes mais etanol e potencialmente até 12 vezes mais biomassa”, disse.

"Com a biomassa, ao invés de queimar isso [o bagaço da cana] a US$ 20 dólares, o Brasil pode substituir o plástico do planeta”, disse Eike, completando em seguida: “Meu pai diria que isso aqui é dar caviar para crocodilo”.

Fonte: Globo Rural