Embrapa encerra 10º CanaMS com destaque para tecnologia de previsão de safra
29-10-2025
Evento em Dourados - MS evidenciou integração entre pesquisa, inovação e o setor produtivo, com ferramenta que estima produtividade da cana com até 80% de precisão
O avanço da agricultura digital e o uso de tecnologias aplicadas ao monitoramento de lavouras marcaram o encerramento do 10º Ciclo de Seminários Agrícolas CanaMS 2025, realizado em 23 de outubro na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados - MS. Com o tema “Preparo do Solo e Plantio”, o evento reuniu produtores, técnicos, consultores e representantes do setor sucroenergético em torno de soluções voltadas à eficiência e à sustentabilidade dos canaviais.
De acordo com Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, o CanaMS se consolidou como “um ponto de convergência entre ciência, inovação e prática agrícola”. Ele ressaltou que encerrar o ciclo com temas de alta relevância e especialistas de renome reforça o papel do seminário como difusor de conhecimento técnico e de políticas sustentáveis para o setor em Mato Grosso do Sul.
O CEO da TCH Gestão Agrícola, José Trevellin Jr., ressaltou que o sucesso do evento decorre da cooperação entre instituições públicas e privadas. “Em dez anos, o CanaMS construiu uma história sólida com a Embrapa e seus parceiros, sempre focando em resultados práticos e na evolução técnica do setor”, afirmou.
Entre os destaques da programação, a palestra do pesquisador Geraldo Magela de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital, apresentou a ferramenta de previsão de safra via satélite desenvolvida pela instituição. A tecnologia combina dados de sensoriamento remoto e variáveis ambientais — como índices de vegetação, precipitação e temperatura — para estimar a produtividade da cana com até 80% de precisão.
Cançado explicou que os modelos, em constante aperfeiçoamento, permitem acompanhar o desenvolvimento das lavouras de forma contínua e remota. “A tecnologia de satélite é uma aliada estratégica. Com ela, conseguimos antecipar resultados e apoiar decisões que impactam a logística de colheita, o planejamento de oferta e a rentabilidade”, destacou.
O pesquisador enfatizou que a ferramenta auxilia a gestão em tempo real, permitindo detectar precocemente fatores de risco, como seca, pragas e deficiência nutricional. “Essas informações são essenciais para ações preventivas e para otimizar o desempenho das usinas e produtores”, disse.
Outro desafio, segundo ele, é a adaptação do modelo a diferentes regiões produtoras. “Cada ambiente tem características únicas, e calibrar o modelo é fundamental para garantir precisão. Os primeiros testes ocorreram em São Paulo, em parceria com a Coplacana e a Simbiose, e agora buscamos expandir a base de dados para outros estados, como Mato Grosso do Sul”, explicou.
Cançado mencionou também que o time da Embrapa trabalha para tornar o sistema mais acessível, utilizando imagens públicas de satélites como Sentinel-2 e MODIS, e no desenvolvimento de uma API aberta que permitirá a integração do algoritmo em softwares de gestão agrícola. A metodologia, segundo ele, poderá ser aplicada futuramente em outras culturas, como soja e milho.
A programação do evento ainda contou com o diretor técnico da Biosul, Érico Paredes, que abordou o cenário e as perspectivas da bioenergia no estado. Ele destacou que o setor sucroenergético representa 2% do PIB nacional e responde por 39% da produção mundial de cana-de-açúcar, com Mato Grosso do Sul ocupando a 4ª posição na produção de etanol do país — 4,2 bilhões de litros na safra 2024/25. “Temos espaço para expandir o etanol, o SAF e outras rotas energéticas. O momento é de capacitação e integração com instituições como a Embrapa”, ressaltou.
Outros painéis trataram de temas como nutrição do canavial (Alexandre Braga, da Ubyfol), manejo da mosca-dos-estábulos (Alex Antônio Andrade, da Atvos), preparo do solo e sustentabilidade (Guilherme Castioni, do CTC) e novas descobertas sobre a síndrome da murcha da cana-de-açúcar, apresentadas pelos especialistas Abel Torres e William Arnt (CTC).
O evento, organizado pela Embrapa Agropecuária Oeste e pela TCH Gestão Agrícola, teve apoio da Biosul e da Sulcanas, com patrocínio de empresas como AgroX, Kracht, Biotrop, Euroforte, Ubyfol, Microgeo, MS Drones, CTC e Union Agro. O encerramento foi marcado por um momento de confraternização, com o tradicional costelão de chão — símbolo da hospitalidade sul-mato-grossense.
Com o fechamento do 10º ciclo, a organização anunciou que o CanaMS 2026 passará a ter duas edições anuais, consolidando o evento como uma das principais plataformas regionais de difusão de conhecimento, inovação e sustentabilidade para o setor canavieiro brasileiro.

Redação com informações da Embrapa

