Estudo avalia o impacto de 1% de infestação da broca-de-cana na indústria
27-05-2020
Infestação de 1% parece pouco, mas provoca grande baixa no caixa da empresa
Renato Anselmi
O impacto da broca-da-cana na indústria é bastante significativo – ressalta Dinailson de Campos, consultor da Fermentec, de Piracicaba, SP. Causa prejuízo não somente para a produção, mas também na qualidade de produtos e na lucratividade da usina.
Com o objetivo de avaliar o impacto de 1% de infestação da broca na indústria sucroenergética, Dinailson de Campos apresentou um estudo realizado pela Fermentec, que considerou os efeitos dessa praga em uma usina que mói 2 milhões de toneladas de cana, com média de 133 kg/ATR e produtividade de 80 toneladas de cana por hectare.
Nessa usina específica, 1% de infestação diminui um pouco mais de 3,6 kg de açúcar por tonelada de cana, o que equivale a 7.260 quilos de açúcar a menos ao longo da safra. Usando como base o valor de R$ 8,41 o saco de açúcar, o prejuízo é de R$ 11,5 milhões, ou seja, o total que a usina deixa de faturar por conta dessa redução da produtividade. “Essa quantidade de açúcar equivale ao consumo de quase 315 mil pessoas”, calcula.
A infestação de 1% nessa unidade causa uma perda de 5,2 litros de etanol por tonelada de cana, totalizando uma diminuição de produção 10,4 milhões de litros na safra. Considerando o preço do início de março, ocorre um prejuízo de R$ 22 milhões. “Com essa queda na produção de etanol, deixariam de ser abastecidos cerca de 274 mil veículos”, detalha.
Segundo ele, algumas unidades sentem mais, outras sentem menos esses impactos. “Metas de eficiência e de faturamento saem do controle por conta de uma característica da cana”, observa.
Nas regiões com maiores índices de infestação, a partir do momento em que se volta a ter o aumento da produção de açúcar, os efeitos sobre a produtividade e lucratividade acabam tendo impacto de forma significativa – avalia.
O consultor da Fermentec ainda destaca os problemas relacionados aos danos indiretos na indústria, provocados pela infestação, que são a redução da eficiência, aumento da contaminação, formação de precursores de cor no açúcar, problemas na fermentação e, consequentemente, aumento do uso de insumos. “Uma cana com infestação da broca traz mais dextrana para o processo. E a dextrana dificulta a recuperação de açúcar na fábrica”, exemplifica.
Além de elevar a eficiência no controle da broca, a comunicação entre áreas agrícola e industrial é considerada essencial para diminuir os efeitos da má qualidade da matéria-prima. “A indústria pode ser avisada que vai chegar uma cana com pior índice de infestação. A usina não vai conseguir absorver todo o impacto. Mas, é possível minimizar o efeito do aumento dessa contaminação”, afirma Dinailson de Campos.
Fonte: CanaOnline