Estudo do HC da UFPE comprova eficácia de curativo pós-cirúrgico produzido a partir da cana-de-açúcar
11-09-2025

Pesquisa publicada no Journal of Vascular Surgery revela o sucesso do biopolímero verde na recuperação de pacientes submetidos a cirurgia de varizes

Um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) comprovou a eficácia de um curativo biológico produzido a partir de celulose bacteriana derivada da fermentação da cana-de-açúcar no tratamento de feridas pós-operatórias em pacientes submetidos à cirurgia de varizes. O estudo, publicado recentemente na revista científica Journal of Vascular Surgery: Venous and Lymphatic Disorders (JVS-VL), aponta que o curativo desenvolvido apresenta boas vantagens em relação ao tradicional curativo sintético, além de ser uma alternativa verde, biocompatível e biodegradável.

Com a participação de 55 pacientes da Área Assistencial de Angiologia e Cirurgia Vascular do HC, o estudo demonstrou que o biopolímero sustentável não só apresentou baixa reação alérgica, como também foi tão eficaz na cicatrização das feridas quanto os curativos convencionais. Além disso, a retirada do curativo de celulose bacteriana foi mais indolor e fácil em comparação ao material utilizado tradicionalmente, a fita microporosa.

Segundo Esdras Marques, chefe da Área Assistencial de Cirurgia Vascular do HC e professor do CCM-UFPE, que orientou a pesquisa, o estudo apresenta uma alternativa biológica e sustentável ao curativo convencional. “O novo curativo tem um custo financeiro reduzido e apresenta uma eficácia similar ao curativo tradicional, mas com vantagens adicionais, como a menor coceira e a facilidade de remoção”, explica Marques.

O biopolímero de celulose bacteriana foi comparado com a fita microporosa em um ensaio clínico randomizado, sendo aplicado em pacientes que passaram pela cirurgia de varizes. Durante o período de 4 a 6 dias pós-operatório, os pacientes foram avaliados quanto à dor, prurido e à aparência das feridas. A análise foi feita com base na Escala de Avaliação de Feridas de Southampton, garantindo resultados confiáveis para a comparação entre os dois tipos de curativo.

O estudo foi conduzido pelo cirurgião vascular Allan Maia, doutorando da UFPE, e contou com a participação de Mariana Vieira, estudante de Medicina da UFPE, com bolsa de iniciação científica do PIC-Ebserh, além do apoio do Núcleo de Apoio ao Pesquisador (NAP) do HC. A pesquisa também contou com a colaboração da empresa Polisa, que fabrica o biopolímero.

Além de Esdras Marques, outros pesquisadores e colaboradores assinaram o artigo, como Fernanda Rocha, Layla Mahnke, Flávia Morone Pinto, Tiago Pereira, Mariana Neves, Sarah Palácio, Katharine Saraiva, Josiane Barbosa, Simone Penello, Jaiurte Silva, e José Lamartine Aguiar.

O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013, e a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), tem sido um agente importante na gestão de hospitais universitários federais em todo o Brasil. Fundada em 2011, a Ebserh administra atualmente 45 hospitais universitários, promovendo excelência no atendimento e no desenvolvimento de pesquisas e inovações científicas. Como hospitais universitários, essas unidades têm como objetivo atender ao Sistema Único de Saúde (SUS), além de promover a formação de profissionais de saúde.