Etanol mantém firmeza no spot paulista em outubro, mas média mensal recua com maior oferta
19-11-2025
Agromensal do Cepea/Esalq-USP mostra queda de até 1% nas médias do hidratado e do anidro em São Paulo
Por Andréia Vital
Os preços do etanol permaneceram firmes no mercado spot de São Paulo ao longo de outubro, mas ainda assim encerraram o mês com médias inferiores às de setembro. As informações fazem parte das Agromensais de outubro de 2025, divulgadas recentemente pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, que reúne análises mensais elaboradas por seus pesquisadores.
Segundo o levantamento, o hidratado operou na casa dos R$ 2,70 por litro, enquanto o anidro esteve próximo de R$ 3,10/litro durante o mês. Apesar da sustentação nas negociações, apoiada pela postura firme das usinas e pelo encerramento da moagem da safra 2025/26 em algumas unidades, o aumento do volume transacionado resultou em negócios pontuais a preços menores, pressionando a média mensal.
O Indicador Cepea/Esalq do hidratado fechou outubro a R$ 2,7371/litro, queda de 0,77% frente a setembro. No caso do anidro, a média foi de R$ 3,0683/litro, baixa de 1,02% na mesma comparação. Ainda assim, ambos permanecem cerca de 7% acima dos níveis observados um ano antes, em valores reais deflacionados pelo IGP-M.
O volume de hidratado negociado no spot paulista aumentou 16,1% em relação a setembro, mas ainda ficou 29% abaixo do observado em outubro de 2024. Já o anidro mostrou movimento mais intenso: alta de 36,9% ante setembro e avanço expressivo de 150,6% no comparativo anual.
Outro elemento monitorado pelo mercado é o preço da gasolina A, concorrente direto do etanol hidratado. Com o reajuste para baixo promovido pela Petrobras, o etanol segue competitivo em São Paulo e em outros três grandes estados consumidores, mas a gasolina tem recuperado participação no varejo. Essa mudança tem deslocado parte da demanda para o spot: a fatia de negócios nessa modalidade subiu para 14% em outubro, ante 9,7% em setembro.
Nordeste sente pressão com avanço da moagem
Nas regiões produtoras do Nordeste, a queda dos preços foi mais acentuada. A maior oferta disponível em estados como Paraíba, Pernambuco e Alagoas levou algumas usinas a negociar volumes adicionais para cumprir compromissos financeiros, aumentando a pressão sobre as cotações.
Dados do Departamento Técnico do Sindaçúcar-AL indicam que, até 15 de outubro, Alagoas havia processado 2,5 milhões de toneladas de cana, retração de 36,7% em relação ao mesmo período da safra anterior. A produção acumulada de etanol somou 52,8 milhões de litros, queda de 38% no comparativo anual, desempenho influenciado pelas chuvas do início da temporada, que atrasaram a moagem em parte das unidades.
Nesse contexto, o Indicador mensal do hidratado em Alagoas recuou 7,7%, para R$ 2,5685/l, enquanto o anidro caiu 5,8%, a R$ 3,0619/l.
Em Pernambuco, o hidratado teve baixa de 9,6%, para R$ 2,5545/l, e o anidro caiu 6,4%, para R$ 3,1591/l. Na Paraíba, o hidratado cedeu 8%, a R$ 2,6386/l, e o anidro recuou 5,9%, a R$ 3,1961/l.
O Cepea destaca ainda que, em Alagoas, o indicador mensal considera apenas as operações spot, enquanto Pernambuco e Paraíba incluem negociações nas modalidades spot e contratos.

