Evolução das tecnologias remotas e de monitoramento torna irrigação de precisão uma realidade
31-07-2025

Apertar o solo para conferir se está molhado e dar um chute na terra para ver se levanta poeira já são práticas que ficaram no passado. Foto: Banco de imagens Internet
Apertar o solo para conferir se está molhado e dar um chute na terra para ver se levanta poeira já são práticas que ficaram no passado. Foto: Banco de imagens Internet

Próximo passo é a chegada da IA, que será capaz de analisar os dados fornecidos pelos sensores, gerar mapas de recomendação e fazer o “liga e desliga” automático dos equipamentos

Nos últimos anos, a irrigação evoluiu como nunca, transformando-se de uma prática rudimentar em uma engenharia de precisão guiada por alta tecnologia. Com sensores inteligentes e sistemas automatizados controlados por aplicativos, o campo ganhou olhos e ouvidos digitais que otimizam cada gota d’água.

Essa “nova era” não poderia ter chegado em melhor hora. Em meio às mudanças climáticas e à crescente demanda por alimentos, a irrigação deixou de ser apenas uma solução para a seca, se tornando uma estratégia essencial para verticalização da produção agrícola.

Conselheiro do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), Daniel Pedroso explica que, antigamente, praticamente todas as modalidades de irrigação, como pivô, carretel e gotejamento, precisavam de uma alta quantidade de mão de obra.

No entanto, diante do cenário atual de dificuldades em encontrar colaboradores para trabalho no campo, a irrigação precisou se modernizar, especialmente na direção de sistemas automatizados. “Hoje, já é possível fazer o controle e a operação das bombas, válvulas e outros componentes hidráulicos remotamente, de qualquer lugar, utilizando apenas um smartphone ou tablet com conexão à internet”, salienta.

O monitoramento em tempo real das condições do solo, clima e plantas, além do status dos sistemas hidráulicos, é outra modernidade que já está disponível para os produtores. De acordo com Pedroso, já existem no mercado nacional sensores que permitem ver tudo o que está acontecendo no campo, de onde estiver e na hora que desejar.

“Esses equipamentos, por sua vez, se conectam a sistemas operacionais de alta inteligência, que analisam os dados fornecidos, gerando recomendações personalizadas para cada área de cultivo. E com poucos cliques, é possível executar essas sugestões em sua totalidade ou com os ajustes que o técnico achar necessário. É a irrigação de precisão se tornando realidade.”

O próximo passo, na visão do conselheiro do GIFC, é a chegada da Inteligência Artificial (IA), que será capaz de analisar os dados fornecidos pelos sensores, gerar mapas de recomendação e fazer o “liga e desliga” automático dos equipamentos. Tudo sem intervenção humana, gerando redução de custos e melhoria na eficiência no uso da água.

“Essa tecnologia já existe em outras países. No Brasil, ainda está ‘engatinhando’, tendo a cana-de-açúcar e os grãos como culturas pioneiras. Alguns grupos canavieiros, inclusive, devem começar a realizar os primeiros testes ainda nesta safra”, conta Pedroso.

Irrigar com alta tecnologia não é exclusividade de grandes produtores

Novas tecnologias de irrigação são bastante democráticas, com opções para todos os bolsos

Foto: Divulgação Netafim

As novas tecnologias de irrigação estão moldando o futuro da agricultura com inovação e consciência ambiental. E engane-se quem pensa que essas inovações são extremamente caras e, por conta disso, só chegam aos canaviais de grandes propriedades rurais. Pequenos e médios produtores também podem fazer parte dessa nova era.

Conselheiro do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), Daniel Pedroso afirma que as novas tecnologias de irrigação são bastante democráticas. Segundo ele, existem sim sistemas mais complexos e, consequentemente, mais caros. Mas tecnologias mais acessíveis também estão disponíveis no mercado, entregando bons níveis de automação.

“Temos, por exemplo, produtores que apenas desejam saber as informações locais, de umidade do solo e clima. Para esse tipo de agricultor, a instalação de tensiômetros, sensores e sondas conectadas a equipamentos transmissores que enviam esses dados para a nuvem já supre suas demandas. Outros, por sua vez, que desejam um controle mais amplo, precisarão gastar um pouco mais. Mas fato é que o mercado hoje é bastante amigável, e conta com opções para todos os bolsos.”

A falta de conectividade no campo também não é um empecilho para adoção das novas tecnologias de irrigação. Pedroso explica que, para a maioria dos sistemas, não é necessária a presença de internet nos canaviais, uma vez que os equipamentos podem transmitir seus dados via rádio. No entanto, é recomendado que haja conexão na casa de bombas ou no centro de controle, para que essas informações sejam enviadas para a nuvem e acessadas a partir de dispositivos móveis.

“A cada safra, superamos novos obstáculos, fazendo com que a irrigação tecnificada alcance cada vez mais propriedades rurais, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Apertar o solo para conferir se está molhado e dar um chute na terra para ver se levanta poeira já são práticas que ficaram no passado. A nova era de irrigação finalmente está entre nós, e mais acessível do que nunca.”