Expansão do etanol de milho e pressão sobre o açúcar marcam projeções para a safra 2025/26
26-09-2025
Relatório do BTG destaca efeitos da Lei do Combustível do Futuro e cenário global de sobreoferta de açúcar
Por Andréia Vital
Um relatório recente do BTG aponta que a dinâmica da safra 2025/26 deve repetir o padrão observado no ciclo anterior, com ênfase na expansão contínua da produção de etanol de milho. A expectativa é de um aumento de 2 bilhões de litros na oferta, consolidando ainda mais o papel do biocombustível na matriz energética do Brasil. Segundo projeções do USDA, o mix de produção seguirá privilegiando o etanol, que poderá atingir 51% da participação total – reflexo de sua valorização em um ambiente de demanda firme, mesmo diante do incremento da produção.
Do lado do consumo, o cenário também se mostra positivo. A implementação da Lei do Combustível do Futuro, que eleva de 27% para 30% a mistura obrigatória de etanol anidro à gasolina, deve acrescentar cerca de 1,3 bilhão de litros ao consumo anual. Além disso, há expectativa de retomada nas exportações e de crescimento do consumo de combustíveis do ciclo Otto, impulsionado pela expansão do PIB. Nesse contexto, ainda que a produção avance, a oferta adicional pode não ser suficiente para cobrir toda a nova demanda, o que deve sustentar os preços do etanol em patamares elevados ao longo da safra.
No mercado global de açúcar, as perspectivas indicam um cenário de sobreoferta no curto e médio prazo, de acordo com o USDA. A produção mundial deve alcançar 189 milhões de toneladas, puxada principalmente pelo aumento no Brasil (+2% na comparação anual), que já opera próximo da capacidade máxima, e pela Índia (+25% a/a), beneficiada por clima favorável e expansão da área plantada. Esse movimento tende a ampliar o excedente global de açúcar, gerando pressão sobre os preços internacionais.
Ainda assim, analistas não esperam que as cotações recuem de forma significativa abaixo dos 16 centavos de dólar por libra-peso (c/lb), sustentadas por fatores estruturais como a demanda global consistente e a elevação dos custos de produção. Atualmente, as cotações internacionais giram entre 16 e 17 c/lb, abaixo dos 18 a 20 c/lb registrados durante boa parte da safra 2024/25. No entanto, o impacto da queda foi em grande parte amenizado, já que muitas usinas brasileiras fixaram contratos a preços mais altos no início da safra.

