Falha é a maior vilã da queda de produtividade a partir do terceiro corte de cana
29-05-2019
De todas as tecnologias atualmente disponíveis, o replantio é a que mais proporciona efeito residual, garantindo ganhos em TCH nos cortes seguintes entre 10 e 16 t/há
Leonardo Ruiz
Uma área de RB855453 de 187 hectares na Fazenda Vista Alegre do Seringal, localizada no município paulista de Colômbia, viu sua produtividade (TCH) cair bruscamente para 84,5 no oitavo corte. Nos dois anos anteriores, a produção havia atingido 108,5 e 99,4, respectivamente. Em vez de enviar a área para reforma, os gestores da propriedade, junto do consultor e engenheiro agrônomo Júlio Campanhão, optaram por replantar as falhas de soqueira. No ano seguinte, a produção agrícola da área voltou para a casa dos três dígitos, permanecendo nela até a safra passada, quando alcançou 11 anos de idade.
| Produtividade ao longo dos cortes na Fazenda Vista Alegre do Seringal |
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| Fonte: Júlio Campanhão |
Para Campanhão, este exemplo atesta o fato de que o maior vilão da queda de produtividade do terceiro corte em diante é a falha, que pode ocorrer por diversos fatores, como herança de um plantio mal feito, falta de disciplina, efeitos climáticos adversos (como seca prolongada), presença de pragas, doenças e plantas daninhas e má gestão nas operações de tratos culturas, colheita e manejo varietal. "Tecnologias como micronutrientes, condicionadores de solo, fito hormônios, adubação verde, fosfatagem e fungicidas funcionam perfeitamente. Porém, seus resultados seriam potencializados se não existissem esses vazios no canavial.”
O profissional ressalta que, além da perda de produtividade ao longo dos cortes, as falhas acarretam altos custos para as empresas sucroenergéticas. “Os tratos culturais em cana-soca num canavial sem falhas custam em torno de R$ 1.580/ha. Já numa área com 35% de falhas, este valor sobre para R$ 2.430/ha. Isso sem considerar custos adicionais de catação manual ou química.” Para ele, o Custo Brasil para a cana-de-açúcar são as falhas. “De todas as tecnologias atualmente disponíveis, o replantio é a que mais proporciona efeito residual, garantindo ganhos em TCH nos cortes seguintes entre 10 e 16 t/ha.”
| Comparação entre área falhada x área revitalizada mostra os benefícios do replantio |
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| Foto: Júlio Campanhão |
A recomendação do engenheiro agrônomo é que o replantio seja feito em canaviais com falhas oriundas da gestão de preparo de solo, alocação varietal, plantio, colheita e tratos culturais. Já em áreas comprometidas por altas infestações de capim-colonião, mucuna, grama-seda, Sphenophorus levis, Migdolus spp e/ou com variedades com problemas fitossanitários, o replantio não é aconselhado.
| O custo dos vazios |
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| Fonte: Pecege |
Para Campanhão, o replantio em cana-soca precoce (colheita de abril a junho) deve ser feito de 20 de abril a 20 de novembro; em cana-soca média (colheita de julho a setembro), de 20 de julho a 20 de dezembro; já em cana-soca tardia (colheita de outubro a novembro), o ideal é que o replantio ocorra de 20 de outubro a 20 de março. “Lembrando que é essencial a utilização de mudas novas, preferencialmente de uma variedade superior à original e provinda de Cantosi. Além disso, no período seco, essas mudas devem por um tratamento de fito hormônios e fungicidas.”
| Soqueira de 7º corte com replantio pontual anual –RB96 6928 |
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| Foto: Júlio Campanhão |
O consultor destaca que o ideal é replantar a área 20 dias após a colheita. “Na impossibilidade de realizar o replantio nesse período, devido à falta de estrutura de preparo de solo e irrigação, o mesmo poderá ser realizado a partir das primeiras chuvas, com cobertura apenas das falhas de 1,5m a 2m. Se possível, a recomendação é canteirizar. Deve-se também antecipar a colheita da área replantada.”
CONFIRA EDIÇÃO 60 DA CANAONLINE ESPECIAL VIDA LONGA PARA A CANA-SOCA - http://www.canaonline.com.br/conteudo/edicao-60-portal-canaonline-maio-junho-2019.html





