Fávaro descarta envolver importações de etanol dos EUA em conversas sobre tarifaço
05-11-2025
Fontes relatam que o tema será colocado nas discussões comerciais
Por Rafael Walendorff — Brasília
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta terça-feira (4/11) que vincular a retirada do tarifaço dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras a uma eventual concessão do Brasil para importações do etanol americano é "pura especulação".
Questionado se há definição no governo sobre a possibilidade de ceder nas negociações comerciais em relação ao biocombustível dos EUA, que hoje é taxado em 18% para entrar no Brasil, Fávaro sinalizou que essa não é uma questão "basilar" nas tratativas.
"Acho que está precipitado essa fala [de que haverá concessão do Brasil no etanol]. O que eu tenho de concreto é uma manifestação do presidente da República que hoje disse que se até o final da COP os Estados Unidos não marcarem a reunião para as negociações, ele fará um novo telefonema ao presidente [dos EUA, Donald Trump], para que possam definir a data", afirmou a jornalistas após evento em Brasília.
"Além disso, é pura especulação. Afinal de contas, se o próprio presidente disse que não teve a reunião marcada, quem disse que o etanol é questão basilar para os Estados Unidos? Então, portanto, não é o momento de fazer esse tipo de comentário", completou.
O presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, também disse que o biocombustível não está na mesa de negociação.
“Temos que confiar na palavra do governo que mais apoiou os biocombustíveis na última década, com retorno da competitividade por restabelecimento de Impostos, retorno da tarifa de importação, aprovações de leis como o Combustível do Futuro, Paten e Move. São exemplos claros que o governo tem nos biocombustíveis a estratégia brasileira de transição energética”, disse ao Valor.
Apesar de Fávaro negar as conversas, fontes relatam que o tema será colocado na mesa. Os EUA citam frequentemente o pedido por abertura maior para exportação de etanol para o Brasil, atualmente taxada em 18%.
Sob críticas do setor produtivo nacional, negociadores em Brasília avaliam a possibilidade de melhores condições ao biocombustível americano para avançar nas tratativas pelo fim do tarifaço. Internamente no governo há quem defende redução da alíquota cobrada sobre o etanol americano ou a criação de cotas, cenários já adotados em outros tempos.
Há ainda a possibilidade de criar exigências para a entrada do biocombustível, como a indicação de portos específicos. Essa medida aliviaria a situação do Nordeste, região mais afetada pelas importações.
Fonte: Globo Rural

