GAFFFF 2025 destaca biocombustíveis como motor da produção de alimentos
06-06-2025
Especialistas desmontam mito da competição entre energia e comida e apontam o reaproveitamento de pastagens degradadas como solução sustentável
"Agricultura energética está alavancando a produção de alimentos”, afirma Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, no GAFFFF 2025. Essa afirmação direta deu o tom da palestra “Agricultura energética como alavanca da Agricultura Alimentar”, realizada na tarde desta quinta-feira (5), durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF) 2025, maior evento de cultura agro do mundo, que acontece entre hoje e amanhã (6), no Allianz Parque, em São Paulo.
O encontro reuniu especialistas nacionais e internacionais para desmistificar um dos maiores mitos do setor: a ideia de que a produção de biocombustíveis compete com a produção de alimentos.
Moderada por Guilherme Nolasco, presidente executivo da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), a palestra contou com a participação de Harold Wolle, membro do Conselho da National Corn Growers Association (EUA), e Luciane Chiodi Bachion, sócia e pesquisadora sênior da Agroicone, consultora de agronegócio voltada para sustentabilidade. Todos reforçaram que a agricultura energética, quando bem conduzida, é uma aliada direta da segurança alimentar.
“Hoje, a produção de etanol de cana e de milho gera subprodutos. Quanto mais se produz etanol de cana, mais se produz açúcar. O milho, por sua vez, gera óleo. Isso aumenta a produção de alimentos e combustível ao mesmo tempo”, explicou Luciane. Ela também destacou que essa produção ocorre em áreas de segunda pastagem, ou seja, sem invadir áreas preservadas. “Tem mais de 30 milhões de hectares de pastos degradados disponíveis para produção de biocombustíveis como milho e soja”, completou.
Harold Wolle alertou para o impacto negativo da desinformação: “Quando os países não usam políticas baseadas em ciência, os produtores sofrem.” Além disso, o especialista reforçou a necessidade de buscar alternativas sustentáveis por meio da produção de biocombustíveis. Segundo ele, com o crescimento da população mundial, é essencial garantir que a produção seja bem-sucedida. “A nossa associação incentiva o uso do etanol, pois ele traz benefícios sustentáveis não só para o meio ambiente, mas também para o produtor.”
Já Nastari criticou a visão limitada de parte do mundo sobre o tema. “O que atrapalha é essa controvérsia equivocada sobre a competição entre energia e alimentação. Essa narrativa é de origem europeia, onde há apenas 0,3% de área preservada em mata plantada. Eles não têm biodiversidade, não têm como expandir. O mundo não é igual à Europa.”
Para completar, Plínio também trouxe à tona a importância da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP) 30 para o contexto atual, associando com o assunto. “Estamos em ano de COP 30 e temos um desafio climático batendo à nossa porta. Os biocombustíveis são uma estratégia de descarbonização imediata. Essa narrativa equivocada prejudica a adoção de alternativas sustentáveis”, afirmou.
Ao encerrar a discussão, Guilherme Nolasco reforçou o propósito do da conferência: “Fazemos o GAFFFF para desmistificar os conceitos errados, para que a população entenda o valor que tudo tem. É um grande palco para disseminarmos e incentivarmos a produção de biocombustíveis.”
Fonte: DATAGRO

