Ganhos ambientais e financeiros com o RenovaBio
09-06-2020

O RenovaBio valoriza o uso da vinhaça e da torta de filtro
O RenovaBio valoriza o uso da vinhaça e da torta de filtro

Com o RenovaBio, o setor vai ser cobrado não só pelo que produz, mas também pelo que consome, porém, o programa cria condições para a remuneração da externalidade positiva do etanol

Renato Anselmi

A externalidade negativa da gasolina e a positiva do etanol já demonstravam há alguns anos a necessidade de reconhecer e remunerar os benefícios proporcionados pelo biocombustível de cana-de-açúcar.

Segundo o diretor da Canaplan, Luiz Carlos (Caio) Carvalho, diretor da Canaplan, o RenovaBio – programa governamental de estímulo aos biocombustíevies – literalmente formaliza a diferenciação dos efeitos gerados pelos dois combustíveis, calculando e definindo com isto um mecanismo de produtividade e eficiência, que gera emprego. “Estamos falando de uma nova visão para o futuro”, enfatiza.

O RenovaBio consegue superar um desafio: criar condições para o reconhecimento e a remuneração da externalidade positiva do etanol. “O programa foi criado com muita inteligência e tem tudo para dar certo. Remunera e ao mesmo tempo estimula o setor produtivo a produzir de uma forma mais sustentável”, afirma Mário Gandini, diretor agroindustrial da Usina São Martinho.

“O setor produtivo vai ser cobrado não só pelo que produz, mas também pelo que consome. E isto vai levá-lo a produzir com muito mais qualidade. O financeiro vai cobrar a área de produção para que se aperfeiçoe ano a ano”, prevê.

O RenovaBio valoriza o uso da vinhaça e da torta de filtro – exemplifica Caio Carvalho –, além de diversos outras produtos. Existem também muitas empresas comprometidas com a “batalha” do setor sucroenergético, que está buscando diferentes formas de redução das emissões.

Na avaliação de João Rosa, professor e gestor de novos projetos do Pecege, de Piracicaba, SP, com açúcar, etanol e energia elétrica (além de outros coprodutos), o setor sucroenergético, que já é tão plural, ganha o CBio – Créditos de Descarbonização  – como mais um produto, que precisa ser colocado no sistema, porque as variáveis são interdependentes.

“O CBio abre para o setor uma avenida de oportunidades, de ganhos, de trabalho. Todo mundo acaba ganhando”, ressalta. A participação no RenovaBio exige a análise do sistema de forma sinérgica. “É preciso ver o todo, e não simplesmente considerar as partes da cadeia de produção de forma individualizada”, diz.

O Pecege fez um trabalho com a Bayer, elaborando a calculadora de repasse – exemplifica João Rosa – que demonstra um ganho na nota eficiência, com melhor remuneração da empresa no RenovaBio, se houver menor consumo de energia para produzir mais matéria-prima.

Fonte: CanaOnline