Governo de SP lança procedimentos para produção de biocombustíveis em propriedades rurais
06-12-2024
Diretrizes abrangem uma ampla gama de atividades, incluindo avicultura, suinocultura, bovinocultura, frigoríficos e abatedouros
Por Fernanda Pressinott — São Paulo
O governo de São Paulo publica nesta sexta-feira (06/12) novos procedimentos para a geração de biogás e biometano em propriedades rurais no Estado. As novas diretrizes abrangem uma ampla gama de atividades agropecuárias, incluindo avicultura, suinocultura, bovinocultura, frigoríficos e abatedouros.
Os novos procedimentos foram definidos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP (Semil), em conjunto com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
“Neste ano, junto à Cetesb, já aprovamos o licenciamento para o setor sucroenergético. E agora estamos dando continuidade ao trabalho para que todos os setores do agro possam investir e colaborar na descarbonização e melhorar a rentabilidade de suas propriedades”, afirma o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.
A produção de biogás e biometano a partir dos resíduos da produção agropecuária traz uma série de benefícios. A decomposição da palha com as fezes dos animais gera gases do efeito estufa, como o metano, o que contribui para o aquecimento global. Quando eles são reaproveitados, há uma redução nessas emissões.
Além disso, com os novos procedimentos, os produtores rurais poderão filtrar e processar esses gases para transformá-los em combustível mais limpo - biogás e biometano -, que poderão ser utilizados na produção industrial, por exemplo.
Segundo estimativa da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), apenas os dejetos dos suínos podem gerar aproximadamente 2,7 bilhões de metros cúbicos de biometano por ano. O volume seria suficiente para substituir em torno de 2,6 bilhões de litros de diesel. Ainda de acordo com a entidade, o Brasil conta com 885 unidades de biogás instaladas e utiliza apenas 2% do potencial do país.
Segundo o governo do Estado, o potencial do setor agropecuário paulista para a produção de combustíveis renováveis desponta entre as maiores do país. O rebanho bovino paulista em 2023 foi de mais de 10 milhões de cabeças de gado. No caso dos suínos, são 1,25 milhão de animais, e, em aves, o número chega a quase 126 milhões.
De acordo com dados do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), o potencial de energia elétrica gerada ao ano, a partir de biogás em São Paulo, é de aproximadamente 36.197 gigawatt-hora(GWh), o que corresponde a 93% do consumo residencial do estado. Além disso, o potencial anual de biometano poderia exceder 3,87 bilhões de normal metro cúbico (Nm³), o que seria suficiente para substituir 72% do diesel comercializado no estado. Essas estimativas incluem resíduos de criação animal, resíduos urbanos e o setor sucroalcooleiro, com o setor sucroalcooleiro apresentando o maior potencial de aproveitamento de biogás.
Também segundo o governo, a matriz elétrica paulista alcança 96% de origem renovável, principalmente vinda de fontes hidrelétricas e de biomassa. É um percentual acima da média brasileira (83%) e maior do que a global, que está em 29%. Em relação à matriz energética, São Paulo tem 57% de fontes renováveis, com destaque para as fontes provindas da cana-de-açúcar. A média brasileira é de 48% e a mundial é de 15%. Para descarbonizar a economia paulista, é necessário induzir a expansão dessas fontes.
Fonte: Globo Rural

