Grupo Fitotécnico IAC debate práticas agrícolas para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar
27-08-2025

Evento reuniu especialistas e conta com a participação de pesquisadores para discutir irrigação, nutrição e manejo da cultura

Por Andréia Vital

“Cana irrigada: Planejamento e Produtividade” foi o tema detido pela Dra. Regina Célia de Matos Pires, pesquisadora científica e vice-diretora do IAC, na 5ª Reunião do Grupo Fitotécnico IAC, realizada nesta terça-feira (26), em Ribeirão Preto – SP. A programação contemplou temas ligados a manejo, nutrição, irrigação e inovação tecnológica, práticas agrícolas e novas estratégias voltadas ao aumento da eficiência e à verticalização da produtividade da cana-de-açúcar.

Durante sua participação, Regina ressaltou que o uso da irrigação representa um dos maiores potenciais de incremento da produtividade da cana-de-açúcar. Segundo a pesquisadora, trata-se de um investimento considerável, que exige planejamento criterioso, seleção adequada de cultivares e capacitação dos operadores responsáveis.

“Por que irrigar cana? Porque há aumento de produtividade, melhoria de atributos qualitativos e, sobretudo, segurança no aporte de água. Esse aspecto está diretamente relacionado aos cenários climáticos que vivenciamos, cada vez mais marcados por extremos climáticos”, afirmou.

Ela destacou que a irrigação permite a integração de técnicas como fertirrigação, aplicação de vinhaça e uso de águas residuárias, criando oportunidades para ganhos logísticos e maior previsibilidade no planejamento de plantio e colheita. “É fundamental enxergar a água como um insumo, e não apenas como uma aplicação artificial. A eficiência do uso da água deve vir acompanhada da eficiência no uso dos nutrientes”, acrescentou.

A pesquisadora enfatizou a importância de avaliar condições locais de solo, clima e disponibilidade hídrica antes da adoção da prática. Também alertou que o cultivo irrigado não é simplesmente “um cultivo de sequeiro com água”, mas um sistema que requer monitoramento, controle e manejo integrado para atingir o potencial genético da planta.

“Quando falamos em irrigação, precisamos lembrar que ela deve estar conectada ao treinamento do operador e ao uso responsável da tecnologia. A cana irrigada responde positivamente a diferentes estratégias, desde a irrigação de salvamento até o uso de pivô central ou gotejamento. Mas os resultados dependem da estratégia adotada e das condições locais”, reforçou.

Regina também apresentou análises comparativas sobre a deficiência hídrica no Brasil em diferentes períodos, apontando a relevância da irrigação para reduzir a vulnerabilidade da produção frente à variabilidade climática. Experimentos recentes mostraram que, mesmo diante de limitações, cultivares irrigadas conseguiram alcançar ganhos de produtividade superiores a 200 toneladas por hectare em determinadas condições.

A pesquisadora  destacou ainda a importância do engajamento do setor em comitês de bacia hidrográfica e na construção de um planejamento sustentável para o futuro da cultura. “A demanda de água para irrigação no Brasil tende a crescer. Precisamos estar preparados para esse cenário, adotando alternativas viáveis, desde o uso de águas residuárias até a escolha criteriosa de cultivares. O desafio não é apenas aumentar a produção, mas fazê-lo com responsabilidade e eficiência”, concluiu.