Grupo Potencial dá início à compra antecipada de soja
17-10-2025

Esmagadora de soja do Grupo Potencial, em Lapa (PR), está 50% pronta — Foto: Guilherme Hammerschmidt Trindade.
Esmagadora de soja do Grupo Potencial, em Lapa (PR), está 50% pronta — Foto: Guilherme Hammerschmidt Trindade.

Grupo vai investir R$ 700 milhões para adquirir 300 mil toneladas do grão na safra 2025/26 para abastecer nova fábrica

Por Cibelle Bouças — Belo Horizonte

O Grupo Potencial, que atua no mercado de combustíveis, vai investir R$ 700 milhões na compra antecipada de 300 mil toneladas de soja da safra 2025/26. Com a medida, o objetivo da empresa é abastecer a esmagadora que está em fase de construção em Lapa (PR), na região metropolitana de Curitiba. A operação será a primeira aquisição de soja em grão do grupo, que atualmente compra óleo de cooperativas e tradings.

O volume que a empresa almeja comprar corresponde a uma área plantada de 84 mil hectares. Essa carga deve garantir o abastecimento da fábrica nos três primeiros meses de operação, que começará em maio de 2026.

“A gente está abrindo negociação para compra antecipada de soja a R$ 140 por saca. No porto de Paranaguá, o grão é vendido hoje por algo em torno desse valor. É uma opção para o produtor travar custos e mitigar riscos”, diz Fernando Domingues Bosqueiro, diretor comercial do grupo.

A empresa criou uma diretoria com equipe própria para cuidar da compra de grãos e da logística de transporte até a fábrica. Bosqueiro diz que a demanda da fábrica supera a produção de soja da região. A planta vai esmagar 1,1 milhão de toneladas de soja por ano, ou 3,5 mil toneladas por dia. Na região metropolitana de Curitiba, a produção do grão gira em torno de 450 mil toneladas. “Além da região metropolitana, vamos expandir as compras para outras áreas do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, diz o diretor.

O montante se soma ao investimento de R$ 1 bilhão na instalação do complexo de esmagamento em construção em Lapa. O projeto conta com financiamento de R$ 500 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que pode ser ampliado para até R$ 700 milhões. Segundo Bosqueiro, a construção está 50% concluída. O projeto engloba estrutura de armazenagem com capacidade para 300 mil toneladas, prevista para ser entregue em janeiro de 2026.

“A expectativa é começar a receber a soja a partir de fevereiro, para garantir matéria-prima para o início do esmagamento em maio”, diz Bosqueiro. O óleo de soja gerado será todo destinado à produção de biodiesel.

Projeção

O Grupo Potencial espera elevar o faturamento em R$ 1,9 bilhão ao ano com a planta de esmagamento de soja. O grupo registrou receita de R$ 12 bilhões em 2024 e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 848 milhões. A meta do grupo é alcançar uma receita de R$ 20 bilhões até 2030.

Em uma segunda fase, a unidade terá sua capacidade ampliada para 7 mil toneladas de soja por dia, com investimento total estimado de R$ 2,5 bilhões. “Não vamos ser autossuficientes em óleo. A ideia é expandir a produção de biodiesel. Com a esmagadora, a gente vai suprir 30% da necessidade de óleo. E, quando a esmagadora for duplicada, a produção de biodiesel também vai dobrar”, diz.

Em 2024, o grupo anunciou investimento de R$ 600 milhões para ampliar a capacidade da usina de biodiesel de 900 milhões de litros por ano para 1,62 bilhão de litros ao ano em 2026.

O farelo gerado com esmagamento da soja será destinado à exportação e a produtores de frangos e suínos de Santa Catarina. “Com o aumento da oferta de farelo, a tendência é que se tenha no país uma oferta de proteínas mais baratas. Há um ano, a tonelada de farelo custava R$ 2,4 mil, e hoje custa R$ 1,4 mil. As indústrias de proteínas ampliam a produção aproveitando este cenário”, afirma Bosqueiro.

O grupo também anunciou em agosto um investimento de R$ 2 bilhões na construção de uma usina de etanol de milho no mesmo município. A unidade terá capacidade para processar 3 mil toneladas de milho por dia e deve iniciar suas operações em 2028.

“Normalmente, empresas que eram do agronegócio foram para a produção de energia. A gente está fazendo o caminho inverso, indo da distribuição de combustíveis para o campo”, observa o diretor comercial.

Fonte: Globo Rural