Hugo Motta defende ampliação da mistura de etanol na gasolina e reforça papel do Brasil na transição energética
24-10-2025
Presidente da Câmara propõe elevação para 35% e celebra 50 anos do ProÁlcool durante a 25ª Conferência Internacional DATAGRO
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina comum de 30% para 35%, durante a abertura da 25ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada nos dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo - SP. O evento, que reuniu cerca de 1,5 mil participantes, contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas, além de lideranças políticas, empresariais e técnicas do setor sucroenergético.
“Hoje já temos 30% da mistura, e vamos lutar para alcançar os 35%. Isso fortalecerá ainda mais a indústria de biocombustíveis do nosso país”, afirmou Motta, sob aplausos. Segundo ele, o Legislativo está comprometido em ampliar o protagonismo do etanol dentro da política nacional de energia limpa. “A Câmara seguirá atenta e comprometida com o fortalecimento do setor sucroenergético, estratégico para o Brasil e para a transição energética global”, completou.
A atual proporção de 30% — em vigor desde agosto e aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) — faz parte do programa Combustível do Futuro, que prevê aumentos graduais na mistura conforme os resultados técnicos e ambientais. Para Motta, o país já reúne condições plenas para dar o próximo passo. “Temos capacidade instalada, oferta de etanol e tecnologia para avançar de forma segura. É um movimento natural de um país que é líder mundial em energia renovável”, disse.
ProÁlcool: meio século de inovação e soberania energética
O encontro também marcou os 50 anos do ProÁlcool, programa lançado em 1975 como resposta à crise do petróleo e considerado o marco fundador da bioenergia brasileira. A cerimônia de abertura foi conduzida pelo presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, que resgatou a origem técnica e visionária da iniciativa, fruto do trabalho dos engenheiros Lamartine Navarro Júnior e Cícero Junqueira Franco, autores do estudo “Fotossíntese como fonte energética”, que inspirou o governo de Ernesto Geisel a criar o programa.
“Foi o ponto de partida de uma revolução energética. Desde então, o setor sucroenergético só cresceu, gerando alimentos, energia limpa e desenvolvimento econômico e social”, destacou Nastari. Ele lembrou que o uso do etanol permitiu ao Brasil substituir 46% da gasolina consumida, evitar a emissão de 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente e economizar bilhões de reais com a redução das importações de combustíveis fósseis.
Para Motta, o ProÁlcool representa “um divisor de águas na história do país”. “Ele simboliza a união entre inovação, segurança energética e soberania nacional. É nosso dever aprimorar esse legado com políticas que aliem produtividade, sustentabilidade e inclusão”, afirmou.
Etanol como ativo estratégico e competitivo
Além das comemorações, a conferência destacou o papel do etanol de baixa intensidade de carbono e das novas rotas tecnológicas, como o combustível sustentável de aviação (SAF) e o etanol de segunda geração. Nastari enfatizou que o setor vive uma nova fase de oportunidades com o avanço de programas públicos como Combustível do Futuro, Paten e Mover, que ampliam o horizonte de inovação e competitividade da bioenergia nacional.
O governador Tarcísio de Freitas ressaltou que o modelo de economia circular do setor sucroenergético é exemplo global de sustentabilidade. “O Brasil é o showroom da transição energética. Nenhum outro país equilibra produtividade, inovação e sustentabilidade como o nosso”, afirmou.
O presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Carlos Ubiratan Garms, defendeu a preservação do etanol como ativo estratégico nacional. “O etanol não pode ser moeda de troca em negociações internacionais. É uma vantagem competitiva e um patrimônio do país”, disse.
A cerimônia também homenageou os deputados Arnaldo Jardim e Marussa Boldrin, reconhecidos pela atuação em políticas públicas voltadas à bioenergia e ao agronegócio, além de contar com a presença do secretário estadual de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, e do presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista, Itamar Borges.
O futuro da energia limpa brasileira
O Brasil mantém hoje o maior programa de biocombustíveis do mundo, produzindo mais de 45 bilhões de litros de etanol por ano, o que abastece quase metade da frota leve nacional. A adoção da mistura E30 já posiciona o país como referência mundial na descarbonização do setor automotivo.
Ao defender o avanço para E35, Motta sinaliza o compromisso político de expandir a cadeia produtiva da cana, gerar empregos e fortalecer a competitividade do agronegócio brasileiro. “Fortalecer o etanol é fortalecer o Brasil. Temos um biocombustível limpo, eficiente e socialmente justo, que reduz emissões e consolida nossa liderança mundial em energia renovável”, resumiu.
Ao encerrar a cerimônia, Plinio Nastari destacou que o ProÁlcool transcende seu papel histórico: “A fotossíntese que inspirou o programa há 50 anos continua sendo a força motriz do nosso futuro energético”.

