Impactos dos incêndios em canaviais e estratégias de recuperação foram temas debatidos na 6ª Reunião do Grupo Fitotécnico IAC
05-11-2024

Especialistas discutiram ações para maximizar a produtividade da cana pós-queimadas

Por Andréia Vital

A 6ª Reunião do Grupo Fitotécnico do IAC, realizada em 31 de outubro no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto-SP, trouxe à pauta questões cruciais para o setor, abordando o impacto dos incêndios em canaviais e estratégias de recuperação. Entre os tópicos discutidos, destacaram-se a importância da palha para retenção de umidade, o controle de pragas pós-fogo e as técnicas de manejo necessárias para garantir a produtividade da cana.

Marcos Landell, coordenador do Grupo Fitotécnico do IAC, não pôde comparecer pessoalmente devido a problemas de saúde, mas transmitiu uma mensagem ressaltando o valor dessas reuniões.

A reunião foi conduzida pela pesquisadora Dra. Leila L. Dinardo-Miranda, que explorou como os incêndios afetam as populações de pragas nos canaviais. Ela observou que, enquanto o fogo pode matar algumas pragas e inimigos naturais, a perda de palha impacta a umidade do solo, beneficiando certas espécies e desfavorecendo outras. Pragas de solo, como Migdolus e "pão de galinha" (besouro da família Melolonthidae que ataca a cana), que vivem em diferentes profundidades do solo, são pouco afetadas pelas chamas, escapando do impacto direto dos incêndios.

Ela ressaltou ainda que devido à seca, o inseticida aplicado no canavial foi pouco aproveitado e com o fogo, muito se perdeu. “Os inseticidas aplicados na seca de 2024, provavelmente, foram poucos absorvidos, independente do modo de aplicação. Quanto mais próximo da aplicação foi o incêndio, maior foi a perda”, afirmou.

O encontro também contou com a participação da bióloga Dra. Andréa Aparecida de Paula Mathias Azania, proprietária da Procultivare Experimentação, Capacitação Técnica e Consultoria Agrícola. Ela discutiu o impacto dos incêndios no controle de plantas daninhas e a importância de não aplicar herbicidas diretamente sobre os resíduos de cinzas. Estratégias de uso de drones para aplicação de defensivos e medidas para proteger a produtividade da cana foram abordadas, enfatizando a inovação e a sustentabilidade no setor.

Mariele de Souza Penteado Nascimento, supervisora de produção agrícola da Usina Alta Mogiana, relatou as estratégias de nutrição e manejo adotadas na usina, que atualmente cultiva cerca de 74 mil hectares de cana. Apesar dos desafios climáticos e dos incêndios, a usina espera uma safra promissora para 2024, com rendimentos acima da média e recorde de Açúcar Total Recuperável (ATR), atingindo 149 kg por tonelada.

Os desafios no controle de pragas em canaviais queimados também foram tema central, principalmente devido ao potencial de ressurgimento de espécies danosas. O manejo de pragas adultas durante a estação seca, quando elas se abrigam nos rizomas, foi um dos pontos abordados, com relatos de experiências na aplicação de inseticidas em áreas afetadas por incêndios desde 2021.

Edson Mitsuo Okumura, coordenador técnico agronômico da Pedra Agroindústria, compartilhou que cerca de 14% da colheita da companhia foi comprometida por incêndios. Diante disso, a empresa priorizou a colheita de cana dos fornecedores e realizou reuniões diárias para avaliar o impacto na produção de açúcar e etanol. Após um período de tentativa de aproveitamento da cana queimada, decidiram descartá-la devido à queda de qualidade.

 

A reunião contou também com a participação de Paulo Augusto Gutierres Júnior, especialista agronômico da Raízen, que enfatizou o uso de tecnologias para monitoramento e mapeamento de incêndios, ressaltando o impacto do estresse térmico e das perdas de matéria orgânica no solo. Gutierres Júnior destacou a importância da reposição nutricional, especialmente de potássio, em áreas afetadas, além de práticas para estímulo ao crescimento vegetal e controle de pragas.

Você pode assistir a reunião completa aqui:

https://www.youtube.com/live/VfaYGKrstxY?si=LErd93SI173wKOL5