Incêndios em canaviais de SP deixam prejuízos de R$ 800 milhões
05-09-2024

Incêndio de grandes proporções destrói canaviais em São Paulo — Foto: Canaoeste/Divulgação
Incêndio de grandes proporções destrói canaviais em São Paulo — Foto: Canaoeste/Divulgação

Orplana estima que 100 mil hectares foram atingidos e os danos financeiros devem superar R$ 1 bilhão nos próximos dias

Por Nayara Figueiredo — São Paulo

Incêndios que ocorrem em canaviais de São Paulo já deixaram prejuízos da ordem de R$ 800 milhões ao setor, estimou a Organização das Associação de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) à Globo Rural. O presidente da entidade, José Guilherme Nogueira, acredita que os danos financeiros devem superar R$ 1 bilhão nos próximos dias.

“Não somente pelo efeito dos incêndios em cana em pé, mas também nas soqueiras de cana e também da qualidade ruim da matéria-prima”, afirmou o executivo.

Segundo Nogueira, os números de queimadas no Estado de São Paulo devem ultrapassar os 100 mil hectares, ainda com possibilidade de aumento devido ao clima seco e altas temperaturas.

Anteriormente, a Orplana estimava que 80 mil hectares haviam sido atingidos pelo fogo, causando um impacto negativo de R$ 500 milhões ao setor.

“Novamente tivemos reunião com gestão e gabinete de crise para tratar do assunto, e certamente esses eventos climáticos severos (são) acometidos com fatores como baixa umidade do ar, mais de 130 dias sem chuva ou pouquíssima chuva, ventos fortes, e infelizmente a ignição tem sido ainda ações humanas”, disse Nogueira.

Levantamento da consultoria StoneX indica que no total de nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo.

Ainda sob a influência das condições climáticas, o presidente da Orplana lembra que há incêndios em outras regiões do país.

Safra

A StoneX alerta que os impactos para o plantio da safra 2025/26 e para a cana disponível no ano que vem preocupam mais o setor, especialmente por trazer perdas diretas de área e onerar produtores e usinas com o replantio.

Para o ciclo atual, de 2024/25, as perdas são incertas, seja pela dificuldade de identificar o tipo de cana em cada área, seja porque mesmo queimada a cana ainda pode ser moída e aproveitada.

A StoneX estima a moagem de 602,2 milhões de toneladas em 2024/25 e um mix açucareiro de 50,5% no Centro-Sul. “Até o momento, o mix não está respondendo aos níveis esperados, se posicionando em 49% no acumulado da temporada, em vista dos problemas já mencionados de qualidade da cana. Frente ao cenário de queimadas, o nível de mix pode se sustentar próximo das estimativas mais pessimistas”, disse a consultoria.

Fonte: Globo Rural