Irrigação nas áreas de renovação em 2025
20-05-2025
Com vistas a conhecer o panorama das principais práticas que serão utilizadas nas áreas de renovação de cana-de-açúcar, pelo nono ano consecutivo, o Centro de Cana IAC, vinculado ao Instituto Agronômico e pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou pesquisa entre os produtores de cana no Brasil.
Por Rubens L. do C. Braga Jr., Regina C. M. Pires e Marcos G. A. Landell
rubenscensoiac@fundag.br
O objetivo deste levantamento é mapear as empresas que estão adotando as técnicas mais modernas, e, com isso, obtendo as melhores produtividades e consequentemente, promovendo sustentabilidade econômica e ambiental.
Em 2025, o levantamento caracterizou 203 empresas produtoras, o que representa área de aproximadamente 964 mil hectares a serem plantados, em 2025. Os dados foram obtidos em 13 estados brasileiros: Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Nos últimos quatro anos da pesquisa, foram levantadas informações sobre a irrigação e fertirrigação no processo de renovação dos canaviais. Em 2025, 146 empresas reportaram o uso das técnicas de irrigação e fertirrigação. Verificou-se que, apesar de lento, houve crescimento no uso dessas técnicas na cana-de-açúcar. Isto também ocorreu quando se estudou a área que deverá ser irrigada ou fertirrigada, as quais totalizaram 292 mil hectares, 30% da área de renovação, o que representou aumento de nove pontos porcentuais em relação a 2024 (Figura 1).
Figura 1 – Distribuição percentual da área de renovação com uso de irrigação ou fertirrigação no Brasil, nos últimos quatro anos
Vale observar que o uso da irrigação/fertirrigação não está difundido de maneira uniforme em todo o Brasil. As regiões dos estados de Goiás/Tocantins, Jaú no estado de São Paulo e Nordeste apresentaram maior porcentagem de adoção das tecnologias em 2025. Essas regiões reportaram o uso acima de 40% das áreas que serão plantadas. Por outro lado, nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, o uso da irrigação e fertirrigação nas áreas de plantio atingirão cerca de 18 e 14%, respectivamente (Figura 2). Tal fato, pode ser associado a distribuição e o total característicos das precipitações naturais nestas regiões.
Figura 2 – Distribuição percentual da área de renovação que utilizarão irrigação ou fertirrigação em 2025, em diversas regiões no Brasil
Em relação a adoção da irrigação ou fertirrigação é importante salientar que o uso da técnica requer planejamento para uso, seja pelo investimento necessário, disponibilidade de vinhaça, água ou água residuária. O aumento percentual de previsão de uso em 2025 certamente está atrelado além das características do clima das regiões aos cenários climáticos.
Imagem 1 - Cana-de-açúcar irrigada por pivô central em Goianésia-GO (Foto de Regina Celia Pires)
Entre os produtores que utilizarão irrigação/fertirrigação no plantio das áreas comerciais de 2025, o principal método utilizado será a aspersão convencional (44% da área irrigada), vindo a seguir a o uso de caminhão e/ou trator (39%) e a aspersão por autopropelido (12%), como pode-se observar na Figura 3.
Figura 3 – Distribuição percentual do método de irrigação ou fertirrigação a ser adotado na área de renovação de cana-de-açúcar em diferentes regiões do Brasil, em 2025
A pesquisa abordou também sobre o uso de vinhaça pura, vinhaça diluída, água e água residuária na irrigação ou fertirrigação nas áreas de plantio (Figura 4). Verificou-se que o uso da vinhaça pura (36,9%) ou da vinhaça diluída (35,1%) totalizou 72%. A aplicação de água foi reportada em 24% da área e a água residuária, 4%. Assim, verificou-se que o uso da vinhaça, seja diluída ou concentrada, se caracterizou pela maior proporção.
Figura 4 – Como será feita a irrigação/fertirrigação em 2025
Em termos de estratégia de uso, a mais citada foi a de ‘salvamento’ (garantia stand de plantas), representando pouco mais de 50% da área de plantio (Figura 5). Importante salientar, que a irrigação por salvamento aqui mencionada tem o objetivo de garantir o stand de plantas na formação do canavial, este termo normalmente adotado para garantia de brotação da cana após o corte. Em seguida vieram, a irrigação/fertirrigação plena (25%) e a irrigação/fertirrigação deficitária (23%). Para para pegamento de mudas, o uso totalizou apenas 2% (Meiosi e Cantosi).
Figura 5 – Distribuição percentual de adoção das estratégias de irrigação/fertirrigação no plantio da cana-de-açúcar em 2025, em diferentes regiões do Brasil
Em relação aos desafios encontrados para adoção da irrigação/fertirrigação nas empresas produtoras de cana-de-açúcar, foram relatados principalmente o custo seguido pela distância da área de produção da fonte de água (45%) ou vinhaça (41%) (Figura 6).
Figura 6 – Distribuição percentual dos principais desafios encontrados pelos produtores para ampliação/adoção da irrigação/fertirrigação nas áreas de renovação em 2025
A equipe do Programa Cana IAC agradece a confiança depositada pelos produtores que responderam os questionários enviados. A grande adesão permitiu a geração de análises estratégicas para o setor canavieiro.

