Irrigação poderá atingir aproximadamente 11,2 milhões de hectares até 2030
27-08-2025
5ª Reunião do Grupo Fitotécnico IAC tratou do tema nesta terça-feira (26)
Por Andréia Vital
A 5ª Reunião do Grupo Fitotécnico IAC foi realizada esta terça-feira (26), no auditório do Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto - SP, com a presença de pesquisadores, técnicos e produtores para debater estratégias voltadas à verticalização da produtividade da cana-de-açúcar. A programação contemplou temas como manejo, nutrição, irrigação e novas tecnologias, em um espaço de atualização técnica e troca de experiências.
Carlos Eduardo Rosa, engenheiro agrônomo e chefe de divisão de São José do Rio Preto – SP e membro do Grupo de Irrigação do CATI apresentou o plano Irriga Mais SP, ressaltando a capilaridade da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), presente em praticamente todos os municípios paulistas por meio de casas de agricultura e convênios com prefeituras, o que confere ao órgão ampla capacidade de difusão tecnológica.
Durante a exposição, foram apresentados exemplos práticos do impacto da irrigação em diferentes regiões do mundo. Rosa citou o caso de Campos de Holambra - SP, que passou por transformação produtiva sustentada pela irrigação desde os anos 1980, e trouxe comparativos internacionais. No estado americano de Nebraska, onde mais de 55 mil pivôs centrais irrigam 5,4 milhões de hectares – área equivalente a 75% de toda a irrigação brasileira –, a tecnologia consolidou a região como líder em produção agrícola e energética. Outro exemplo foi a Arábia Saudita, que, em apenas três décadas, transformou áreas desérticas em polos produtivos a partir da irrigação por pivôs. “Não é milagre, é tecnologia”, afirmou.
O engenheiro destacou ainda o potencial brasileiro: dos 8 milhões de hectares irrigados em 2015, seria possível ampliar em até 11,2 milhões de hectares até 2030. “Nossa meta no estado é dobrar a área irrigada, de 4 milhões para 8 ou 9 milhões de hectares”, disse, frisando a ambição do Irriga Mais SP.

Entre os gargalos para expansão, foram citados entraves de outorga, burocracia, infraestrutura energética e conectividade, além da necessidade de planejamento de recursos hídricos. “Não somos vilões do uso da água. O problema no Brasil é de gestão, não de falta de chuvas”, reforçou, citando dados da Embrapa.
Na ocasião, ele falou também sobre o plano Irriga Mais SP, que prevê diagnóstico de áreas aptas, hierarquização, definição de métodos, além de políticas públicas e linhas de financiamento. Por meio da Desenvolve SP e cooperativas, os produtores podem financiar sistemas de irrigação, energia fotovoltaica, estações meteorológicas, drones e sensores de solo com taxas subsidiadas e prazos de até 60 meses. A carência pode chegar a 18 meses em projetos estruturais.
Rosa também destacou o déficit de mão de obra especializada: estima-se que faltam cerca de 3 mil profissionais de irrigação no Brasil, o que reforça a importância de capacitação e treinamento.
O palestrante reforçou ainda que a irrigação representa ganhos múltiplos: aumento da produtividade, maior segurança para crédito e seguro rural, diversificação de culturas e rentabilidade superior.

