Irrigação por gotejamento diminui pegada de carbono, melhora as notas de eficiência energética-ambiental e incrementa geração de CBIOs
29-05-2023

Verticalização da produção poderá diluir os volumes de carbono utilizado pelo setor. Foto: Leonardo Ruiz
Verticalização da produção poderá diluir os volumes de carbono utilizado pelo setor. Foto: Leonardo Ruiz

Com o gotejo, a nota de eficiência energética-ambiental será 50% a 60% superior, pois o consumo de insumos e diesel será diluído em uma produção muito maior

Em alta, a irrigação por gotejamento não pode mais ser vista simplesmente como um “seguro climático” ou apenas como uma ferramenta de incremento de produtividade em anos de alto déficit hídrico. Seus benefícios vão muito além, passando pelo aumento da longevidade das áreas, estabilidade na produção, maior eficiência no uso da água, elevação da cogeração de energia, diminuição da necessidade de ampliação de área ou novos arrendamentos até a redução dos gastos com CTT (Corte, Transbordo e Transporte).

Nos últimos anos, uma nova externalidade positiva tem sido observada: melhorar as notas de eficiência energética-ambiental das usinas de cana-de-açúcar e, dessa forma, impulsionar a geração de CBIOs. O especialista agronômico da Netafim, Daniel Pedroso, explica que as empresas certificadas a operarem dentro do RenovaBio calculam suas notas por meio da RenovaCalc, ferramenta disponibilizada pela ANP que contabiliza a intensidade de carbono de um biocombustível (em g CO2 eq./MJ), comparando-a à do seu combustível fóssil equivalente.

Além de inserir informações primárias nessa ‘calculadora’, como área e produtividade, as unidades bioenergéticas devem informar dados das principais práticas que impactam as emissões de GEE, como uso de corretivos agrícolas e insumos nitrogenados, queima de resíduos agrícolas e o consumo de combustíveis fósseis em operações mecanizadas. Dessa forma, quanto menor for a intensidade de carbono por tonelada de cana produzida, melhor será a nota de eficiência energética-ambiental e, consequentemente, maior será o volume elegível para produção de CBIOs.

Lembrando que a matéria-prima utilizada só é considerada caso seja cultivada em imóvel com Cadastro Ambiental Rural (CAR) ativo ou pendente e sem ocorrência de supressão de vegetação nativa.

Mas como a irrigação por gotejamento impacta esses cálculos? Daniel Pedroso, especialista agronômico da Netafim, esclarece que a tecnologia da Netafim permite aumentar significativamente a produtividade dos canaviais em comparação com as áreas de sequeiro. Por conta disso, a nota de eficiência energética-ambiental será 50% a 60% superior, pois o consumo de insumos e diesel será diluído em uma produção muito maior.

Ressalta ainda que, diante das metas agressivas de redução das emissões de GEE anunciadas por centenas de empresas ao redor do globo, a irrigação por gotejamento desponta também como uma técnica que facilita a obtenção de certificações internacionais. “Selos como o Bonsucro comprovam a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar e têm sido exigidos com cada vez mais frequência durante os processos de compra de açúcar.”