Irrigação surge como estratégia para minimizar impactos das queimadas nos canaviais
15-10-2025

Safra 2025/26 apresenta queda na produção de cana-de-açúcar
A safra 2025/26 na região Centro-Sul do Brasil se aproxima do fim, com previsão de colheita concluída entre meados de outubro. Segundo o Especialista Agronômico Sênior da Netafim Brasil, Eng. Agrônomo Daniel B. Pedroso, e dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção deve atingir 620 milhões de toneladas, representando queda de 1,2% em relação à safra anterior.
A redução é atribuída principalmente à diminuição da produtividade, refletida em índices menores de Tonelada de Cana por Hectare (TCH) e Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), devido a fatores climáticos como seca e incêndios, que continuam sendo um desafio constante para o setor.
Incêndios nos canaviais afetam ciclos produtivos
Os incêndios, sejam acidentais ou criminosos, impactam não apenas a safra em curso, mas também a produtividade do ciclo seguinte. Após uma queimada, o produtor precisa decidir entre colher a cana imediatamente ou roçar o canavial para estimular o rebrote.
A dificuldade surge justamente em períodos de seca prolongada, quando o solo carece de água e nutrientes, essenciais para o desenvolvimento das plantas. Sem a irrigação adequada, o crescimento do canavial pode ser comprometido, reduzindo o rendimento na próxima colheita.
Irrigação: aliada no rebrote pós-queimada
Nesse contexto, o sistema de irrigação desempenha papel estratégico. Após a queimada e a roçagem, a irrigação fornece água e nutrientes, permitindo que o canavial se recupere e alcance produtividade próxima à de áreas não afetadas.
Exemplos práticos em uma unidade próxima a Ribeirão Preto (SP) mostraram que, após a roçagem de canaviais em julho, a ativação do sistema de irrigação garantiu produtividade em TCH semelhante à de áreas não roçadas, confirmando a eficácia da técnica.
Proteção do sistema de irrigação contra incêndios
Para que a irrigação seja eficiente mesmo diante de incêndios, é necessário planejamento prévio. No sistema de gotejamento subsuperficial, que é fixo no campo, apenas os componentes presentes nas áreas produtivas podem ser afetados pelo fogo.
Válvulas podem ser protegidas com caixas de concreto ou anilhas.
Tubos gotejadores, enterrados a 30–35 cm, ficam protegidos.
Filtros e controladores são posicionados fora do campo de produção, garantindo segurança total.
Essa preparação permite que o sistema continue fornecendo água e nutrientes mesmo após queimadas, garantindo a recuperação do canavial.
Irrigação e fertirrigação como estratégia de produção
Mais do que suprir a falta de chuvas, a irrigação aliada à fertirrigação — injeção de nutrientes e insumos diretamente no solo — torna-se uma ferramenta estratégica. Ela protege o canavial, estimula o crescimento e contribui para a manutenção da produtividade, mesmo diante de condições climáticas adversas ou incêndios.
Fonte: Portal do Agronegócio