Irrigar é muito mais do que molhar o solo. Tecnologia entrega ampla gama de benefícios. Mas é importante se planejar previamente
27-11-2023
Especialistas afirmam que o correto é iniciar um projeto de irrigação em safras climaticamente favoráveis, se preparando para os ciclos mais secos
Áreas experimentais pelo país mostram que a produtividade agrícola da cana-de-açúcar está muito aquém de seu real potencial. A cana de três dígitos não é só possível, mas relativamente fácil de ser alcançada. Um dos principais segredos é parar de viver à mercê das condições climáticas. O famoso jargão “depende da chuva” não pode mais estar na boca dos profissionais, pois com o avanço dos sistemas de irrigação tecnificada, é possível alcançar bons números produtivos mesmo em anos de alto déficit hídrico.
No processo de planejamento de um sistema de irrigação, a primeira escolha a ser tomada é sobre qual modalidade adotar: superficial (sulcos), aspersão (autopropelidos, pivôs e alas móveis) e a subsuperficial (gotejamento). Por conta de suas características, os métodos superficiais e aspersão são os que possuem as maiores perdas.
Ao serem projetadas no ar, as gotículas de água podem acabar facilmente sendo arrastadas pelo vento – irrigando a área do vizinho - ou evaporadas antes de alcançarem a lavoura. Grande porcentagem pode ainda ficar retida sobre as folhas, não chegando ao alvo principal: as raízes. Por conta disso, a eficiência dessa modalidade gira entre 80% e 85%.
Setor não pode viver à mercê das condições climáticas
Por outro lado, a eficiência da irrigação por gotejamento vai de 95% a 100%, uma vez que ela entrega as quantidades ideais de recursos hídricos de acordo com as fases do cultivo, no momento certo e diretamente na raiz da planta, maximizando o rendimento e a economia. Outro ponto positivo da tecnologia é sua capacidade de irrigar a cultura sempre que necessário. Se uma área de 10 meses enfrentar um período de elevada deficiência hídrica, por exemplo, apenas a irrigação por gotejamento conseguirá salvá-la.
Centenas de produtores e usinas pelo país já usufruem dos diversos benefícios da tecnologia de gotejamento, que incluem incremento de produtividade, aumento da longevidade das áreas, estabilidade na produção, maior eficiência no uso da água, elevação da cogeração de energia, diminuição da necessidade de ampliação de área ou novos arrendamentos, redução dos gastos com CTT (Corte, Transbordo e Transporte) e melhoria da pontuação no RenovaBio e, consequentemente, maior geração de Créditos de Descarbonização (CBIOs).
Não adianta pensar na tecnologia de irrigação apenas quando as chuvas vão embora. Sua implantação deve ser definida nos anos com boa pluviosidade e, de preferência, nos momentos de reforma e/ou expansão
Após a escolha da modalidade, é essencial se atentar aos períodos de safra e de obra. O especialista agronômico da Netafim, Daniel Pedroso, ressalta que o ideal é iniciar os tramites para instalação da tecnologia nos momentos de reforma e/ou expansão. “É possível implantar esse sistema na cana soca, mas no máximo em um canavial de segundo corte, pois caso instalado em canas mais velhas, todo aquele potencial produtivo das canas jovens será perdido. Haverá aumento de produtividade, mas muito limitado em função da idade do canavial.”
Por fim, Pedroso reforça a necessidade de proatividade. “Não adianta pensar na tecnologia apenas quando as chuvas vão embora e o canavial começar a demonstrar sinais de deficiência hídrica. Precisamos criar uma consciência coletiva de que a irrigação se tornou uma ferramenta indispensável para a produção de cana-de-açúcar no Brasil. E, ao contrário do que muitos imaginam, sua implantação deve ser definida nos anos com boa pluviosidade, para que quando a estiagem bater na nossa porta, estejamos prontos para enfrentá-la.”
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