Isoporização da cana causa prejuízos do campo a indústria
06-04-2020

A isoporização consiste em uma progressiva desidratação dos colmos, ocorrendo com a entrada da estiagem e/ou com o processo de florescimento da Cana. Foto: Banco de dados Internet
A isoporização consiste em uma progressiva desidratação dos colmos, ocorrendo com a entrada da estiagem e/ou com o processo de florescimento da Cana. Foto: Banco de dados Internet

Ethrel, regulador de crescimento da Bayer, desencadeia diversos processos fisiológicos e morfológicos na cana, preparando-a para enfrentar uma condição adversa no futuro

Leonardo Ruiz

Pragas, doenças e plantas daninhas não são os únicos redutores de produtividade da cana-de-açúcar. A isoporização é um fenômeno altamente prejudicial à cultura e que ocorre nos momentos de maior déficit hídrico da safra. Seus impactos negativos têm início no campo, passam pelo operacional e terminam na indústria.

Devido a sua importância, o tema foi amplamente debatido durante o “Conecta Cana”, evento organizado pela Bayer em parceria com a Canaplan que buscou unir as áreas agrícola e industrial para debater formas sustentáveis de impulsionar a eficiência do sistema de produção agroindustrial canavieiro.

O consultor associado da Canaplan, Nilceu Cardozo, explica que a isoporização é fruto da desidratação dos tecidos dos colmos que, aos se romperem, resultam em uma estrutura esponjosa, com igual volume, mas menor massa.

Nilceu Cardozo: “Além de perdas de kg de ATR por hectare, esse fenômeno afeta o rendimento da colhedora, eleva o custo com transporte e dificulta a extração dos açúcares pela indústria”

Foto: Divulgação Grupo IDEA

“Além de perdas de kg de ATR (Açúcar Total Recuperável) por hectare, esse fenômeno afeta o rendimento da colhedora, podendo gerar um acréscimo de R$ 0,40 por tonelada de cana colhida. Colmos isoporizados também resultam em perdas na capacidade de transporte em até 10 toneladas para um conjunto de dois caixotes, elevando o custo de transporte em mais de R$ 0,70 por tonelada transportada. Já na área industrial, há maior dificuldade na extração dos açúcares, uma vez que eles permanecem dentro de células mortas.”

Cardozo ressalta que a isoporização não depende do florescimento para ocorrer, mas que pode ser potencializada por ele. “Na maioria das usinas e agrícolas, a isoporização é negligenciada pelos profissionais do setor, já que é impossível de ser detectada das janelas dos carros. Este fato a torna ainda mais perigosa do que o próprio florescimento.”

Ethrel age como um “seguro premiado” da lavoura

Os atuais impactos da isoporização são mais intensos do que os registrados no passado, fruto da expansão do setor para regiões de déficit hídrico mais elevado, do alargamento da safra - que passou de 225 para 300 dias - e de mudanças no perfil das janelas de crescimento dos canaviais. “Hoje, temos 43% de variedades que isoporizam sendo colhidas no final de safra, quando o déficit hídrico é bem mais elevado”, relata Nilceu Cardozo, consultor associado da Canaplan.

Vídeo – Consultor da Canaplan explica prejuízos da isoporização e florescimento

Como solução, o profissional recomenda o Ethrel, regulador de crescimento da Bayer, que está no mercado há mais de 40 anos. Além de ser um excelente maturador, a ferramenta é também uma aliada contra a isoporização e o florescimento, desde que aplicado corretamente, ou seja, um pouco antes do início do período indutivo ou, no máximo, de cinco a sete dias após o início do período indutivo, que varia dependendo da região produtora.

Cardozo explica que o uso de Ethrel desencadeia diversos processos fisiológicos e morfológicos na cana, o que afeta positivamente suas taxas de captação de água do solo, reduz perdas e aumenta sua estrutura de armazenamento, resultando em uma planta que faz melhor uso dos recursos hídricos. “A grosso modo, a cana se torna mais preparada para enfrentar uma condição adversa no futuro.”

O consultor da Canaplan destaca, ainda, que as vantagens do Ethrel não terminam no momento da colheita. O maior enraizamento resultante da aplicação do produto afeta a brotação inicial da soqueira e seu perfilhamento, contribuindo positivamente para a manutenção da população de plantas, da produtividade agrícola da safra seguinte e da longevidade dos canaviais.

Para Paulo Donadoni, o Ethrel contribui para que todo o investimento realizado anteriormente na lavoura seja percebido na colheita e consequentemente na matéria prima Cana entregue a indústria


Foto: Divulgação Bayer

Paulo Donadoni, gerente de estratégia de portfólio e cultura cana da Bayer, salienta que, ao utilizar o Ethrel, o produtor ou usina está investindo e buscando assegurar que todo o investimento realizado anteriormente na lavoura seja mantido, ao alcançar o peso e os níveis de açúcar esperados contidos nos colmos. “O Ethrel é o principal regulador de crescimento adotado em Cana e carrega a qualidade e a experiência que a Bayer proporciona aos seus clientes. Ethrel possibilita acelerar a maturação, inibir o florescimento e reduzir a isoporização. Desta forma, proporciona qualidade e peso à matéria-prima Cana entregue à indústria”

Ethrel eleva produtividade e qualidade da matéria-prima nas agrícolas e usinas brasileiras

Os 56 produtores associados à Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido (CanaCampo) estão em outro patamar produtivo. Na safra passada, a produtividade média da região fechou em 87 TCH (Toneladas de Cana por Hectare), com um ATR médio de 138 kg e um TAH (Toneladas de Açúcar por Hectare) de 13,5. A Usina Coruripe Campo Florido, para qual grande parte desses produtores fornece matéria-prima, é a unidade mineira do Grupo com maior nível de pureza.

Para o produtor da região, Daine Frangiosi, um dos segredos desses números é o uso de Ethrel. Segundo ele, praticamente todos os fornecedores da CanaCampo apostam na ferramenta da Bayer para agregar qualidade à matéria-prima.

Daine Frangiosi: “Temos que adotar um conceito muito utilizado em grãos, que é destinar um orçamento proporcional a produtividade que desejamos alcançar”

Foto: Leonardo Ruiz

Usuário assíduo da tecnologia, Frangiosi relata que, enquanto o setor olhar apenas para a redução de custos, não vai controlar a isoporização nem o florescimento. “Temos que adotar um conceito muito utilizado em grãos, que é destinar um orçamento proporcional a produtividade que desejamos alcançar. Se eu apenas reduzir custos, não terei caixa para fazer Ethrel. Consequentemente, terei perdas com ambos os fenômenos.”

O diretor agroindustrial da Usina São João, de Araras/SP, Humberto César Carrara Neto, também é um defensor da molécula. Produtora de açúcar branco, a unidade busca inibir a isoporização, que acarreta efeitos negativos na filtrabilidade e, consequentemente, na qualidade e precificação do produto final.

Gráfico Impactos Isoporização

Fonte: Bayer

“A filtrabilidade do açúcar é impactada pela isoporização  As microfibras dos colmos dificultam a extração dos açúcares”. Para Carrara, o Ehtrel é fundamental para redução desses impactos, pois, uma vez que a cana chega isoporizada a indústria, é praticamente impossível reverter este processo.

Ganhos com Ethrel iniciam no canavial, passam pelo operacional e terminam na indústria

A isoporização consiste em uma progressiva desidratação dos colmos, ocorrendo com a entrada da estiagem. À medida que o ambiente fica mais seco, os prejuízos se avolumam. Em julho, o fenômeno pode reduzir até 5% da produtividade. Em outubro, o valor chega a 30%.

Com o uso de Ethrel, será possível diminuir as perdas ao longo da safra, justamente nos períodos onde ocorre maior concentração de ATR nos canaviais sendo colhidos. É o que afirma Ivandro Manteufel, consultor de desenvolvimento de mercado da Bayer.

De acordo com Ivandro Manteufel, Ethrel promove  efeitos fisiológicos de interesse ao produtor nos colmos e também na raiz

Foto: Divulgação Grupo IDEA

“Os dados de diversos experimentos conduzidos pelo país mostram que nas áreas com tendência ao florescimento e tratadas com Ehtrel é possível colher um excedente de 13,1 TCH quando comparada a testemunha. Sem falar no ganho de 2.183 kg de açúcar por hectare. Já em áreas onde não há florescimento, os ganhos médios alcançam 8,1 TCH e 1.255 kg de açúcar por hectare.”

Além dos ganhos em produtividade, Manteufel relata também benefícios operacionais. “Com a melhora da densidade da cana, serão evitadas perdas de R$ 0,70 por tonelada de cana no transporte e de R$ 0,40 na colheita, em média. No final, haverá um ganho de R$ 1,10 por tonelada de cana.”

Outro benefício é a melhoria do sistema radicular, seja na quantidade ou na profundidade das raízes, o que reflete na brotação de soqueira da safra seguinte, que poderá registrar maior perfilhamento, redução de falhas pelo processo de colheita e melhor desenvolvimento inicial da soca logo após o corte. “Este efeito é uma das vantagens do Ethrel, além dos processos intrínsecos aos colmos da Cana.” Já na indústria, os ganhos incluem aumento na quantidade e na qualidade do caldo, promovendo maior rendimento de produção de açúcar e etanol.