La Niña deve intensificar chuvas no Norte e Nordeste e exige manejo preventivo dos produtores
29-10-2025
Fenômeno climático traz umidade acima da média, ampliando riscos de doenças e perdas na colheita durante a safra 2025/26
A confirmação da formação da La Niña em 2025 acende o sinal de alerta para agricultores das regiões Norte e Nordeste do Brasil. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), há 71% de probabilidade de o fenômeno se manter ativo até fevereiro de 2026. Embora de intensidade fraca, a La Niña deve elevar o volume de chuvas nessas regiões durante a safra 2025/26, criando um cenário de maior umidade e risco de perdas na produção agrícola.Segundo Frederico Dellano, consultor de Desenvolvimento de Produtos da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, o produtor deve agir de forma preventiva para evitar prejuízos. “O excesso de chuva aumenta a incidência de nematoides e doenças fúngicas, além de comprometer a qualidade dos grãos na colheita. É essencial planejar o manejo com antecedência e ajustar as práticas agrícolas ao novo regime hídrico”, orienta.
Entre as recomendações técnicas, Dellano destaca a escolha de cultivares adaptadas e o preparo antecipado da estrutura de plantio. “Selecionar variedades mais resistentes às doenças da região e organizar a logística de insumos e maquinário antes do início das chuvas é fundamental. A regulagem correta das semeadoras e colheitadeiras ajuda a aproveitar os intervalos de tempo seco e evita a perda da janela de plantio”, explica.
O consultor também alerta para os riscos de compactação e encharcamento do solo. “Evite semear em solos excessivamente úmidos, pois isso reduz a aeração e compromete o desenvolvimento radicular. Outra medida importante é optar por cultivares com maior tolerância ao acamamento, uma vez que o excesso de chuva e vento pode provocar o tombamento das plantas”, observa.
Durante a colheita, o cuidado deve ser redobrado. A umidade prolongada aumenta o risco de germinação dos grãos ainda nas vagens, perda de peso e doenças de final de ciclo. “Escolher materiais com maior tolerância e planejar uma logística eficiente de colheita são medidas decisivas para minimizar impactos”, reforça Dellano.
Apesar dos desafios, o especialista lembra que a La Niña pode trazer benefícios pontuais, principalmente no Norte do país, onde os períodos de El Niño costumam reduzir as chuvas. “Com manejo adequado, é possível aproveitar melhor o potencial hídrico. Mesmo sendo um fenômeno de baixa intensidade, esta La Niña exige atenção redobrada durante as fases críticas da cultura”, conclui.
Assim, o fenômeno climático, embora natural, reforça a importância da agricultura planejada e tecnificada — onde decisões baseadas em previsão climática e genética adaptada tornam-se essenciais para manter a produtividade e a sustentabilidade no campo.

