La Niña pode impactar severamente a produção agropecuária no Centro-Sul do Brasil em outubro
08-10-2025

Fenômeno climático aumenta risco de estiagem, patógenos e prejuízos nas lavouras de soja e milho

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) anunciou, em sua previsão climática mais recente, que há 71% de chance do fenômeno climático La Niña se desenvolver já em outubro de 2025, com possibilidade de perdurar até fevereiro de 2026. Este fenômeno, que resfria as águas superficiais do Pacífico e altera os padrões de temperatura e precipitação em várias partes do mundo, tende a trazer estiagem para as regiões Centro-Sul do Brasil, comprometendo diretamente a produção agrícola.

O início do plantio da soja em boa parte das principais regiões produtoras coincide com a previsão de chegada do La Niña, o que eleva o risco de estresse hídrico, com períodos prolongados de seca, em estados chave para a cultura, como Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. A seca impacta não só a soja, mas também a safra de milho verão, comprometendo a produtividade das lavouras.

Giovanni Ferreira, agrônomo e desenvolvedor de mercado da Biotrop, explica que a fase inicial do plantio é crucial para o desenvolvimento das plantas e que o La Niña, se confirmado, pode afetar o enchimento dos grãos. “Nesse cenário, é fundamental que os agricultores focam em fortalecer as raízes para enfrentar desafios hídricos e térmicos, além de patógenos que podem ser agravados pela seca”, afirma Ferreira.

Ferreira alerta sobre os riscos de patógenos como nematoides e fungos de solo, que podem ter seu efeito potencializado pelas condições de seca. Os nematoides, que penetram nas raízes das plantas e impedem a captação de água, exigem proteção desde a fase da semente. "Protegendo a raiz desde o início, o produtor evita a infestação de nematoides, além dos danos causados pela escassez de água", explica o agrônomo.

Entre os fungos que podem se tornar mais problemáticos, estão a podridão-radicular-seca (Fusarium solani f.sp. phaseoli) e a podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina), que podem causar sérios danos às plantas durante a seca.

Outro risco importante é a fitotoxicidade, que ocorre devido ao uso inadequado de misturas e dosagens incorretas de defensivos, bem como à aplicação em condições desfavoráveis. Esse problema causa queima nas folhas e compromete a fotossíntese, podendo levar à morte da planta em casos mais graves. Em períodos de seca, os efeitos da fitotoxicidade se tornam ainda mais intensos.

Ferreira recomenda o uso de soluções biológicas que ajudem as plantas a otimizar o uso da água disponível. "Produtos como Bacillus Aryabhattai, Bacillus Haynesii e Bacillus Circulans são excelentes para auxiliar nesse processo", afirma o especialista.

“Quando o produtor utiliza insumos biológicos, ele percebe os benefícios em termos de produtividade, mesmo em condições desafiadoras como essas”, conclui Giovanni Ferreira. Essas soluções não apenas ajudam a garantir a produtividade das lavouras, mas também contribuem para a sustentabilidade da agricultura brasileira, em um momento crucial para o setor.