Linhas-mãe de cana na meiosi não fecham e plantio de canavial é postergado
08-03-2022

Linhas-mãe de cana na meiosi não fecham e plantio de canavial é postergado
Linhas-mãe de cana na meiosi não fecham e plantio de canavial é postergado

As condições climáticas severas de 2021 atrasaram o desenvolvimento das canas que formam as linhas-mães da meiosi, com isso, não há muda suficiente para cobrir as linhas ocupadas por grãos

Linha mãe da meiosi não desenvolveu e sorgo foi semeado nas linhas onde estava o amendoim

A seca, geadas e incêndios ocorridos em 2021 reduziram a oferta de mudas de cana, afetando o plantio na região Centro-Sul. A seca também prejudicou o desenvolvimento da linha-mãe de cana utilizada no sistema de Meiosi (Método Inter-rotacional Ocorrendo Simultaneamente) que consiste no plantio de linhas de cana intercaladas por culturas como amendoim, soja, milho ou crotalária.

Após a colheita da cultura rotacional, a cana proveniente da linha-mãe é tombada sobre as linhas da cultura rotacional. Dependendo da variedade, dos tratos culturais recebidos, se foi formada por tolete ou muda pré-brotada, ou, principalmente se o plantio é mecânico ou manual, a linha-mãe gera mudas para cobrir até mais de 16 linhas, mas a taxa-média de multiplicação do setor é 1x10.

No entanto, a seca atrasou o desenvolvimento da linha-mãe plantada nos meses de setembro, outubro e até novembro de 2021. Com isso, não há muda suficiente para cobrir as linhas da meiosi. É o que ocorre com alguns produtores e unidades sucroenergéticas de regiões canavieiras no interior paulista como a de São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Araçatuba e até de Ribeirão Preto.

“A falta de mudas, aliada ao alto custo da muda, dos insumos agrícolas e aos bons preços dos grãos, têm levado produtores a deixarem a linha-mãe em pé, esperando que se desenvolva para ser tombada em outubro, como cana-de-ano ou deixá-la para ser tombada no começo de 2023”, conta um produtor que preferiu não se identificar.

Mesmo em linhas em que a cana fechou, ela está curta, gerando menos gemas

O mesmo produtor diz que, com o plantio de cana postergado, para ocupar as linhas onde estavam o amendoim ou a soja, a opção está sendo o plantio de sorgo, uma cultura mais tolerante à seca. Um gerente agrícola de uma unidade sucroenergética da região de Presidente Prudente, nos relatou em sigilo, que a seca atrasou sim o desenvolvimento das linhas-mães, não cobrindo todas as linhas programadas para receber a desdobra, exigindo completar com outras mudas, ou deixar a linha-mãe em pé. Segundo ele, devido à seca também em 2020, isso já ocorre em usinas e agrícolas desde o ano passado, não só nesta temporada de plantio.

O produtor e pesquisador Sérgio Quassi de Castro, da AgroQuatro-S Experimentação Agronômica, localizada em Salles de Oliveira, SP, observa que não ouviu relatos sobre isso, mas é plausível que esteja ocorrendo, pois, as chuvas foram muito irregulares, principalmente na região oeste do estado de São Paulo. Sérgio salientou que este é um dos pontos negativos da linha-mãe de meiosi, se o clima não ajuda, ela não fecha.

Para Sérgio, a opção por deixar a linha-mãe em pé a espera de seu desenvolvimento e plantar grãos, ao invés de adquirir mudas de cana, também é pertinente, em decorrência dos valores elevados das mudas e dos fertilizantes. Além disso, plantar grãos é um negócio tentador, por causa da boa remuneração. Sérgio chama a atenção para outro fator: parece que as chuvas já devem cessar, comprometendo o plantio da cana nos próximos meses. Já o sorgo, entre os grãos, apresenta maior tolerância à seca.

Questionado se esta postergação do tombamento da linha mãe da meiosi, dependendo do volume que for adotado, pode impactar a safra canavieira 2023/24, Sérgio diz que sim, mas observa que o ciclo 2023/24 já está comprometido, em decorrência da crise dos fertilizantes, provocada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Fonte: CanaOnline