Logística dentro e fora do talhão deve ser planejada a fim de que não haja engasgos na colheita ou moagem
27-04-2020

Assunto foi debatido durante webinar realizado pelo Grupo IDEA na última quarta-feira (22)

Leonardo Ruiz

Quando se fala em logística no setor canavieiro nacional, as atenções se voltam para a parte agrícola. O foco é não deixar a colhedora sem transbordo e, consequentemente, parada na lavoura. Cada minuto ocioso reduz o rendimento da operação e aumenta significantemente os custos de produção.

No entanto, de nada adianta um sistema perfeito no campo, mas deficitário na hora da entrega dessa matéria-prima na indústria. O ideal é que a usina mantenha um ritmo constante de moagem. O fluxo de chegada deve garantir que a unidade não pare por falta de cana-de-açúcar, tampouco não dê conta de processar um alto volume entregue todo de uma vez.

A logística de colheita e de entrega da cana foi um dos assuntos debatidos na última quarta-feira (22) durante webinar realizado pelo Grupo IDEA. Na ocasião, o produtor Luiz Carlos Dalben detalhou como é o processo em sua propriedade - Agrícola Rio Claro -, localizada em Lençóis Paulista e que fornece cana-de-açúcar para a unidade Barra Grande, do Grupo Zilor.

Sem área agrícola, a usina depende de seus fornecedores para que haja matéria-prima sendo constantemente descarregada nas esteiras da indústria. Um sistema inteligente permite que esse processo ocorra sem muitos problemas. Ao passar na balança, o motorista do caminhão recebe um ticket que informa o exato momento que ele tem de voltar à usina para descarregar uma nova carga. “O planejamento não é linear, é por minuto, já que a Zilor não tem frota. Caso o motorista encontre algum problema e perceba que não poderá cumprir com o horário, ele deve imediatamente avisar para que outro caminhão da mesma frente – ou de outra frente – possa assumir seu lugar.”

O engenheiro agrônomo Guilherme Guiné, gerente de produtos da Solinftec, ressalta que as logística micro e macro devem ser tratadas de formas diferentes, mas não desconectadas. Para ele, não adianta ter colhedoras fazendo 800 toneladas por dia e não ter estrutura para levar essa matéria-prima. Uma hora vai ter colhedora parada e transbordo carregando.

“Na logística dentro do talhão, devemos começar com um planejamento bem-feito, com bons traçados de colheitas e boas manobras e saber a exata localização dos pontos de transbordamento e das distâncias máximas e médias entre os tiros de colheita. Além disso, é importante dimensionar as frentes. Saber quantas colhedoras e transbordos eu preciso em cada uma a fim de que não exista uma frente com muitas máquinas e poucos transbordos.”

Na opinião do sócio da AGROABDO Consultoria, Fabiano Pimenta, ter um profundo conhecimento do talhão que será colhido é essencial para uma boa operação. “Às vezes, entramos em uma área sem saber quase nada sobre ela. É importante conhecer a capacidade de colheita linha a linha e a localização dos pátios e suas capacidades. Fazer um sequenciamento correto para evitar que uma mudança de frente não seja concomitante com outra, manter entrega linear da cana na usina de modo que não haja engasgos e criar uma estratégia de colheita dentro dos blocos são ações que permitirão uma operação mais controlada e rastreada.”

Fonte: CanaOnline