Manejo Integrado de Pragas: quanto vale a inteligência?
Durante o 25º InsectShow – Pragas Estranhas, promovido pelo Grupo IDEA em Ribeirão Preto – SP nos dias 23 e 24, Sérgio de Paula Eduardo, gerente agrícola da Usina Ferrari, apresentou um case de sucesso no uso da tecnologia para manejo de pragas. Com o tema “Manejo Integrado de Pragas: quanto vale a inteligência?”, a palestra demonstrou como a aplicação de softwares da plataforma Smartbreeder transformou o cenário fitossanitário e produtivo da usina.
Com mais de 60 anos de história, a Usina Ferrari cultiva cerca de 35 mil hectares e produziu 3,6 milhões de toneladas de cana na safra 2024, sendo 1,3 milhões na Usina Ferrari e 300 mil na Usina São Luiz. Mesmo com 63% das áreas classificadas como de ambiente agrícola restritivo (D e F) – as unidades ficam localizadas em Porto Ferreira e Pirassununga - a companhia vem evoluindo em produtividade, saindo de 85 t/ha em 2020 para 94 t/ha em 2024/25, com expectativa de 88 a 90 t/ha na safra de 2025/26.
Esse avanço, segundo o gerente, está diretamente ligado à adoção de estratégias inteligentes de manejo, impulsionadas pelo uso das ferramentas da Smartbreeder.
Broca da cana: infestação reduzida com inteligência de dados
Utilizando os módulos de monitoramento, recomendação e decisão da Smartbreeder., a usina reduziu a infestação final da broca da cana de um patamar de 5% a 7% para cerca de 2,1%.
“A redução representa um ganho financeiro de R$ 30 a R$ 35 milhões ao ano. Além disso, o nosso ATR de safra acumulado subiu de 132 para 138 — com pico de 141 em 2023”, afirmou Sérgio.
A estratégia se baseia na análise integrada de dados de solo, clima, sensores, satélites e histórico agronômico, criando árvores de decisão que orientam o tipo e intensidade de manejo em cada área. Assim, áreas altamente resistentes à broca recebem pouco ou nenhum tratamento, enquanto áreas suscetíveis são tratadas com maior atenção, otimizando recursos.
Sphenophorus le vis: um novo cenário com controle de precisão
Outro destaque foi o controle de Sphenophorus le vis, praga que impacta severamente a brotação das soqueiras. Antes da adoção do Smartbreeder, os índices de topos atacados variavam entre 8% e 11%. Com a nova metodologia, esse número caiu para 4,5%, e os sintomas se tornaram quase imperceptíveis no campo. “Hoje, caminhamos pelas áreas da Ferrari e temos dificuldade em encontrar sinais de ataque”, pontuou Sérgio.
A parceria com o programa Semear da Smartbreeder permitiu à Usina Ferrari consolidar um sistema de decisão assistida, que responde automaticamente indicando onde aplicar; como aplicar; quando aplicar e com qual produto aplicar.
Esse modelo tornou possível reduzir significativamente o uso de insumos em áreas com resistência natural às pragas, sem comprometer a eficiência do controle, promovendo um modelo sustentável e economicamente vantajoso.
“Isso é inteligência: saber onde vale a pena aplicar e onde um ‘cheirinho’ já resolve. É aplicar recursos com precisão. E o sistema valida, ano após ano, se o que estamos fazendo está mesmo funcionando”, afirmou.