Manejo varietal: gestão por metas e análise econômica ganham espaço no setor sucroenergético
09-09-2025

Dib Nunes Jr., presidente do Grupo IDEA, defende avaliação das variedades com base na margem de contribuição e uso de inteligência de dados
Por Andréia Vital
Durante a palestra “Dicas para Maximização de Resultado do Manejo Varietal”, apresentada no 19º Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar e Novas Técnicas de Fertilização, realizado nos dias 3 e 4 de setembro, em Ribeirão Preto – SP, Dib Nunes Jr., presidente do Grupo IDEA, destacou que a análise econômica deve ser central na gestão agrícola, superando a visão restrita a índices técnicos como ATR e produtividade isolada. Para ele, o futuro do setor passa por estabelecer metas claras de desempenho — de produtividade, de ATR e de margem de contribuição — sempre adaptadas ao ambiente de produção e ao contexto financeiro de cada usina.
O palestrante lembrou que a margem de contribuição líquida é o indicador que revela, de fato, a viabilidade econômica das variedades, ao considerar receita bruta menos custos agrícolas, industriais e administrativos. Nunes Jr. apresentou simulações em planilhas que incluíram parâmetros de produtividade de 40 a 120 toneladas por hectare, ATR de 90 a 150 quilos por tonelada e distâncias de até 60 km. Os cálculos apontaram que, em cenários de baixa produtividade e ATR reduzido, a margem fica negativa, principalmente quando adicionados os custos fixos (plantio, arrendamento, tratos culturais) e variáveis (logística, impostos, manutenção e pessoal).
Além disso, o especialista chamou atenção para a importância da comparação entre variedades ricas em ATR, mas menos produtivas, e aquelas com maior volume de cana, ainda que com ATR inferior. “É mais difícil ganhar 10 quilos de ATR do que 10 toneladas de cana, e na maioria dos casos o volume extra é o que garante o resultado econômico”, afirmou. Para ele, ferramentas como inteligência artificial e sistemas de análise em Excel já permitem simular cenários com precisão, ajudando produtores a selecionar variedades mais lucrativas e calcular até mesmo limites de arrendamento viáveis.
Como conclusão, Dib Nunes Jr. defendeu que as usinas adotem metas mínimas de desempenho por bloco e por safra, considerando corte, época e condições de solo, para só então comparar variedades. “A pergunta que fica é: podemos estabelecer metas de margem de contribuição para cada bloco de colheita e identificar quais variedades são mais rentáveis em cada local? A resposta é sim. Essa é a evolução da gestão agrícola”, reforçou.