Mariangela Hungria recebe o maior prêmio da ciência brasileira e consolida liderança mundial em bioinsumos
29-10-2025

Pesquisadora da Embrapa é laureada com o World Food Prize, considerado o “Nobel da Agricultura”

A cientista Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, tornou-se oficialmente a décima mulher e a primeira pesquisadora brasileira a conquistar o World Food Prize (Prêmio Mundial da Alimentação) — distinção reconhecida como o “Nobel da Agricultura”. A cerimônia de entrega ocorreu em 23 de outubro, em Des Moines (Iowa, EUA), e marcou um momento histórico para a ciência nacional: trata-se do maior prêmio internacional já recebido por um pesquisador brasileiro.

Concedido pela Fundação World Food Prize, o prêmio reconhece a contribuição de Mariangela ao longo de quatro décadas de pesquisas voltadas ao desenvolvimento de insumos biológicos que transformaram a agricultura brasileira em referência global em sustentabilidade e eficiência. “Estou vivendo um sonho que jamais imaginei. Essa semana tem sido emocionante e única. Essa conquista abre espaço para discutirmos a força da agricultura sustentável do Brasil, nossa liderança no uso de biológicos e, principalmente, a importância de investir em pesquisa científica”, declarou a pesquisadora.

Durante o “Bourlaug Dialogue”, evento que reuniu cerca de mil participantes de 41 países, entre líderes de agtechs, cientistas, ministros, agricultores e CEOs, a presidente da Fundação World Food Prize, Mashal Husain, exaltou o papel da brasileira. “Mariangela representa o ideal de Norman Borlaug: uma cientista brilhante que compartilha seu conhecimento com quem produz. Ela é a pessoa que ele sonhava homenagear”, afirmou. A gestora destacou ainda que Hungria é a 56ª laureada do prêmio desde sua criação.

O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, que acompanhou a cerimônia, classificou o feito como um divisor de águas para o país. “É o maior reconhecimento que a ciência brasileira já recebeu. Estar aqui para testemunhar isso é motivo de orgulho e emoção”, afirmou.

Um legado de inspiração e sustentabilidade

A conquista de Mariangela Hungria também simboliza o protagonismo feminino na ciência. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o impacto do prêmio para a instituição e para a representatividade das mulheres na pesquisa. “Essa conquista reforça o papel da ciência brasileira na construção de uma agricultura mais sustentável e mostra o valor da pesquisa pública. Que o exemplo da doutora Mariangela inspire novas gerações de mulheres a seguirem seus sonhos e acreditarem na ciência como instrumento de transformação”, disse.

Já o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, ressaltou a importância do trabalho da pesquisadora para o avanço da bioeconomia. “Mariangela é referência global em bioinsumos, área em que o Brasil se destaca como líder mundial. Essas tecnologias aproveitam nossa biodiversidade, reduzem custos e emissões de gases de efeito estufa e impulsionam uma agricultura mais sustentável”, destacou. “Ela é motivo de orgulho para a Embrapa e para o Brasil.”

O reconhecimento consagra uma trajetória marcada pela dedicação à pesquisa, pela disseminação do conhecimento científico e pelo compromisso com uma agricultura que une inovação, produtividade e respeito ao meio ambiente. Com a honraria, Mariangela Hungria reafirma o protagonismo do Brasil na transição para uma agricultura de baixo carbono, elevando a ciência nacional ao mais alto patamar da sustentabilidade global.