Marina Silva defende equidade no enfrentamento climático
08-09-2025

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a transição energética precisa considerar as realidades econômicas e sociais de cada nação. Em discurso em Adis Abeba, Etiópia, durante o encerramento do Balanço Ético Global – iniciativa do Brasil em parceria com a ONU para ampliar a participação da sociedade civil na COP30, que ocorrerá em Belém - PA em novembro – Marina reforçou que o combate à crise climática exige enfrentar diretamente as suas causas estruturais: a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento.

“É fundamental planejar, de forma justa, o fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis. Não podemos mais adiar esse enfrentamento”, declarou a ministra.

Segundo Marina, a transição não pode ignorar as diferenças de capacidade econômica e tecnológica entre os países. “É preciso respeitar as necessidades e circunstâncias nacionais, olhando tanto para a produção quanto para o consumo. Esse processo deve ser justo, especialmente para os mais vulneráveis”, completou.

Ela ressaltou que a prioridade é auxiliar nações que ainda dependem de carvão ou lenha, sem condições de migrar sozinhas para fontes renováveis. “O desafio é garantir uma transição planejada e solidária, acelerando energias limpas e fornecendo alternativas reais”, disse.

Marina também alertou para a resistência de atores que se opõem às mudanças. “Há pessoas com poder, tecnologia e recursos que não querem enfrentar a mudança do clima. Esse é um obstáculo concreto”, afirmou.

O cenário internacional reforça esse embate. A volta de Donald Trump à presidência dos EUA levou o país a abandonar novamente o Acordo de Paris e retomar políticas de estímulo ao petróleo, ao mesmo tempo em que retirou subsídios de carros elétricos e desmontou incentivos à transição energética. Apesar disso, gigantes de tecnologia como Meta, Apple, Microsoft e OpenAI declararam apoio público ao governo republicano, prometendo investimentos no país.

A ministra destacou ainda que, embora as discussões sobre clima já somem três décadas, apenas na COP28, em 2023, foi formalizado o compromisso de abandonar os fósseis, triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética.

Na COP30, o Brasil pretende consolidar metas claras, incluindo desmatamento zero até 2030. No entanto, Marina reconhece que o desafio passa por financiamento. Na COP29, no Azerbaijão, países desenvolvidos assumiram a obrigação de transferir US$ 300 bilhões anuais até 2035 às nações em desenvolvimento, com meta de atingir US$ 1,3 trilhão por ano no mesmo período.

Para a presidência brasileira da COP30, a prioridade será estruturar mecanismos financeiros eficazes que garantam a execução dessa transição e mitiguem os efeitos das mudanças climáticas.