Megacana: desafios são muitos, mas mercado sinaliza bom preço para os produtos
13-09-2021
No Papo reto com as usinas, mediado pela gestora do Portal CanaOnline, Luciana Paiva, o Sócio-diretor Financeiro da Usina Santo Ângelo, em Minas Gerais, José Luiz Balardin; o Diretor Agroindustrial da Usina Santa Terezinha, com 10 usinas no Paraná e 01 em Mato Grosso do Sul, José Geraldo Machado Filho, e o Superintendente Administrativo Financeiro da Usina Olhos D´Água, Diogo Lopes, com três unidades em Pernambuco, Piauí e Paraíba, falaram sobre vários assuntos envolvendo o setor sucroenergético. Acompanhe abaixo:
Safra
José Luiz Balardin se mostrou muito preocupado com o comportamento da produção de cana este ano, em função da seca, das geadas e dos incêndios, que têm atingido as lavouras, principalmente neste início de setembro. Segundo ele, a empresa tem um dos índices mais altos de produtividade do país, em torno de 99 toneladas/ hectare, porém, a expectativa é de quebra em razão dos fenômenos citados.
José Geraldo Machado Filho diz que o Paraná já vem com três anos consecutivos de seca, e este ano os desafios se agravaram com a geada. Neste sentido, a usina vem implementando várias ações tecnológicas nas operações. Seguramente, a safra terá uma quebra em torno de 10% a 15%, mas está com o plano em curso para minimizar os impactos, desde a implantação do canavial, com várias tecnologias empregadas, e com isso espera colher os resultados positivos. Desde 2019, a empresa introduziu a mecanização em 100% da lavoura, implementou o espaçamento simples, tem um plantio de 45 mil a 50 mil hectares por ano, com adaptações e adequação de equipamentos e de frota. Nessas áreas, introduziu a sistematização voltada para conservação de solo, sistema focado no rendimento operacional, sendo que a palha para o solo está sendo bastante útil.
Já Diogo Lopes, da Olhos D´Água, disse que o grupo completou 100 anos em 2020 e tem investido pesado em irrigação nos últimos 15 a 20 anos, com uma safra colhida o ano passado de 3,845 milhões de t de cana, e deve repetir a safra este ano. A inflação tem trazido aumento dos custos, o grande desafio deste ano. A austeridade no caixa, entrosamento do pessoal e parcerias de longo prazo são fatores que dão sustentabilidade ao negócio e feito o grupo de destacar.
Custo de produção
José Luiz Balardini disse que o custo de insumos, entre adubo e herbicidas, está num patamar muto alto e não vê perspectiva de melhora. Além de que o mercado está com dificuldade na entrega dos pedidos, com
desculpas de importação e logística.
José Geraldo Filho disse que a situação este ano está atípica, com a inflação, mas a usina tem uma base de operação pautada em segurança, qualidade e performance e que busca uma conversão para reduzir ao máximo o custo, bem adequado e alinhado às necessidades da empresa. A Santa Terezinha foca, principalmente, na gestão no campo para que se consiga ter um ganho nos preços que estão se destacando para o etanol, energia e açúcar.
Energia
Diogo Lopes diz que os preços de energia estão excelentes no mercado livre, batendo no teto. Mas quanto ao Proinfa está defasado, além da produção consumir grande parte da energia gerada para a irrigação.
José Geraldo Filho diz que o grupo Santa Terezinha tem grande parte da energia com preço fixado. Mas o cenário atual a energia no spot está bem remunerada e acredita que isso se dará cada vez mais neste mercado.
Mudas para renovação do canavial
José Luiz Balardin disse que a produção de muda este ano para renovação está preocupante, porque ela não está desenvolvendo e a renovação do canavial será difícil.
José Geraldo Filho diz que a usina Santa Terezinha teve que fazer alguns ajustes quanto às mudas, devido a geada. Fez alteração nas áreas afetadas, moeu a cana e como o plantio deste ano está na fase final de conclusão, não terá o problema de redução de área, em função da falta de muda. Mas tem um efeito na proporção de cana que utiliza e afeta de alguma forma. Segundo ele, a usina implementou o projeto MPB com produção de muda de 1 milhão/mês, com implantação de algumas áreas de meiosi e cantosi. Mas o grande volume é o convencional mecanizado em área total.
Desafios
De acordo com Balardin, os riscos e desafios maiores são as pragas e o custo que está ficando muito alto. A usina usa cantosi, faz multiplicação com MPB e mudas resistentes.
Já os desafios da Santa Terezinha são concluir a implantação do projeto Transforma, frente ao cenário de seca, então, diz José Geraldo, são nos momentos difíceis que surgem as oportunidades, pois quando o clima voltar ao normal, a empresa colherá os resultados, com um ambiente de produção apropriado. Segundo ele, o setor tem várias oportunidades, com a demanda de açúcar crescente, o etanol, combustível renovável com qualidade indiscutível, o que abre uma oportunidade de mercado grande e a energia. Segundo ele, olha tudo do lado da oportunidade, normalizando o clima, sem dúvida, o desafio é verticalizar a produção e, para os próximos cinco a dez anos vê uma oportunidade tremenda para o setor, por isso a empresa investe fortemente no pacote tecnológico.
Diogo Lopes disse que o desafio do setor como um todo é ter a estabilidade política para maior equilíbrio econômico. Não se poderá ter subsídio à gasolina, senão, afetará o mercado de etanol e açúcar, sendo importante continuar investindo em irrigação. A empresa sempre busca opções com investimentos, na eficiência industrial e, o principal, é reduzir o custo da cana.
Assista a TV Megacana Tech Show 2021 - Programa #4
Fonte: Gerência de Comunicação SIAMIG

