Mercado açucareiro dos EUA oscila com plantio surpreendente e tarifas de importação
11-04-2025

Negociações futuras seguem cautelosas e preços à vista se estabilizam em meio à incerteza
O mercado de açúcar nos Estados Unidos viveu dias de instabilidade e cautela durante a semana encerrada em 4 de abril, diante de dois fatores que influenciaram diretamente o comportamento dos preços e das negociações: o anúncio de tarifas sobre importações e a divulgação de uma elevação inesperada na área destinada ao plantio de beterraba açucareira.
A movimentação dos preços foi observada com mais intensidade no contrato doméstico à vista (nº 16), que alcançou o maior patamar em quase um ano na última sexta-feira (4), refletindo o impacto das novas diretrizes comerciais e agrícolas. A análise faz parte de uma atualização do Relatório Sweetener, da Sosland Publishing, que acompanha os desdobramentos do setor de adoçantes nos Estados Unidos.
Desde 1º de abril, uma tarifa base de 10% sobre praticamente todas as importações passou a vigorar, com medidas adicionais — tarifas recíprocas mais severas — previstas para entrar em vigor a partir de 9 de abril, atingindo especialmente países que impõem barreiras comerciais aos produtos americanos.
Estima-se que cerca de 928 mil toneladas de açúcar importado possam ser afetadas por essas tarifas mínimas, segundo dados compilados do USDA e da Alfândega norte-americana. Ainda assim, mais da metade dessas importações já haviam sido concluídas até o final de fevereiro, o que pode minimizar os efeitos de curto prazo.
México e Canadá, principais fornecedores de açúcar para os EUA, foram poupados das tarifas iniciais devido aos termos do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), embora ainda haja possibilidade de sobretaxas de até 25% sobre as importações mexicanas e canadenses, caso novas sanções sejam aplicadas.
Mesmo com o movimento tarifário, as negociações futuras, especialmente para o ciclo 2025-26, seguiram comedidas. Especialistas do setor apontam que o aumento nas tratativas foi apenas marginal, motivado por uma tentativa de reduzir exposição ao risco. Muitos compradores ainda preferem esperar até junho ou julho para fechar contratos. Empresas que lançaram RFPs (Request for Proposals) mantêm um ritmo lento nas negociações, priorizando cobertura parcial para o próximo ano.
Plantio surpreende e movimenta projeções
O mercado também reagiu ao Relatório Prospectivo de Plantio divulgado pelo USDA em 31 de março, que apresentou uma alta de 2,5% na intenção de plantio de beterraba açucareira para este ano — número que deve ser ajustado para 2,1%, após a correção de um erro de digitação nas estimativas do Colorado. O relatório indicava originalmente 29 mil acres plantados no estado, mas o número real deve ficar em 25 mil acres.
Mesmo com a expectativa de estabilidade ou ligeira retração, a nova projeção eleva a área cultivada em 23.700 acres a partir de 2024. Algumas lavouras já foram plantadas, mas a maior parte da temporada de plantio ainda está por vir, de acordo com fontes comerciais do setor.
Os preços do açúcar de beterraba para entrega a granel em 2025-26 se mantiveram na faixa de 30 a 40 centavos por libra-peso FOB Centro-Oeste, com compradores de todos os portes realizando aquisições. Apesar de vendas abaixo dos 40 centavos/lb, processadores de beterraba mantêm esse valor como piso, por ser considerado o ponto de equilíbrio da produção.
O açúcar à vista manteve-se estável no Centro-Oeste, com cotações próximas de 40 centavos/lb. Já o açúcar refinado de cana teve preços mais elevados: 54 centavos/lb nas regiões Nordeste e Costa Oeste, e cerca de 50 centavos/lb nas regiões Sul, Sudeste e Golfo. Um dos processadores já reportou estoque esgotado para o ciclo 2024-25, embora a maioria ainda disponha de volumes graças à boa colheita registrada no ano anterior.
Cana-de-açúcar e adoçantes de milho permanecem estáveis
Enquanto isso, a cana-de-açúcar da Louisiana registrou melhora em suas condições: 36% das lavouras foram classificadas como boas a excelentes no relatório de 30 de março, superando os 32% da semana anterior. No entanto, esse desempenho ainda está aquém dos 77% observados no mesmo período de 2023, evidenciando um cenário ainda desafiador para a cultura.
Já os mercados de adoçantes de milho permaneceram sem grandes alterações, indicando estabilidade momentânea em um segmento que, por ora, não responde aos mesmos estímulos de volatilidade observados no açúcar.
Redação com informações da CZ App