Mercado de açúcar inicia 2025 sob pressão de baixa
14-01-2025

Produções em alta no Brasil e na Tailândia contrastam com desafios na Índia e na América Central, mantendo os preços baixos

Os últimos meses de 2024 registraram queda nos preços do açúcar, que recuaram para 19 c/lb e permanecem em patamares reduzidos. Segundo especialistas, a maior oferta e as boas condições climáticas no Hemisfério Sul aumentam a pressão sobre os valores, enquanto o Hemisfério Norte enfrenta desafios de produção.

Brasil impulsiona oferta global

A região Centro-Sul do Brasil encerrou 2024 com 603 Mt de cana processadas, superando expectativas e fortalecendo a projeção de 620 Mt para a safra 2024/25. Esse desempenho também deve gerar 40 Mt de açúcar, consolidando o país como principal fornecedor global. "O otimismo para a safra 2025/26 é alimentado pelas chuvas de verão, mas isso aumenta a pressão baixista nos preços", afirma Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da HedgePoint Global Markets.

Desafios na Índia e América Central

No Hemisfério Norte, a Índia viu sua produção de açúcar reduzir em 17,8% até dezembro de 2024, totalizando 1,7 Mt a menos que no ano anterior. Festividades como o Diwali e condições climáticas adversas atrasaram a moagem. "Embora nossa previsão de 31 Mt se mantenha, fatores como redução de área e doenças precisam ser monitorados", destaca Lívea.

Na América Central, a Guatemala e El Salvador também enfrentaram redução de produção. Na Guatemala, menos de 500 kt de cana foram moídos, comparados a mais de 2 Mt no ciclo anterior. El Salvador registrou apenas 83 kt de açúcar, contra 136 kt em 23/24. Essa situação sustenta os preços no curto prazo, embora haja previsão de recuperação ao longo da safra.

Tailândia e Europa equilibram o mercado

Na Tailândia, chuvas acima da média favoreceram a safra, que teve um início precoce em 24/25. "Nos primeiros 20 dias de moagem, a produção de açúcar cresceu 6%, totalizando quase 1,4 Mt", informa a analista. Na Europa, a boa produção limita ganhos no prêmio do açúcar branco.

Fatores macroeconômicos pressionam valores

O fortalecimento do dólar e a desvalorização do real incentivam produtores brasileiros a fixarem safras futuras, pressionando os preços no curto prazo. Além disso, a baixa atividade nas últimas semanas de 2024, reflexo das festividades de fim de ano, manteve os preços relativamente estáveis no trimestre final.

O mercado segue atento à recuperação no Hemisfério Norte e à dinâmica da oferta e demanda globais, que continuarão influenciando os preços do açúcar em 2025.

Andréia Vital